Vale do Taquari – Em comemoração ao Dia do Estudante, o governo do Estado lançou, na semana passada, as cartilhas do programa Cipave – Comissão Interna de Prevenção a Acidentes e Violência Escolar -, direcionada a pais, professores e alunos. O material será distribuído em escolas estaduais de todo o Estado.
São três modelos distintos de cartilhas, com 20 mil exemplares cada. Os materiais são divididos de acordo com a faixa etária – há um modelo voltado para adultos, outro para o público adolescente e um terceiro para as crianças. A intenção é abordar questões de violência entre os estudantes de maneira didática.
Por ocasião do lançamento foram apresentados os indicadores de violência e indisciplina coletados junto às mais de 1,8 mil escolas que fazem parte do Programa Cipave. São 457 Cipaves distribuídos nos 19 municípios onde os índices de criminalidade são mais altos. O objetivo do levantamento de dados, que foi realizado pela segunda vez, é definir quais pontos precisam ser desenvolvidos nos termos de prevenção na tentativa de reduzir esses índices.
O levantamento aponta que, no último semestre, houve diminuição de casos de bullyng (15,98%); de assaltos na entrada e na saída da escola (3,9%); de agressões físicas e verbais contra direção, professores e funcionários (3,9%); depredação e pichação (2,7%); uso, posse ou tráfico de drogas (0,84%); furto e arrombamento (0,3%).
Abrangência da 3º CRE
A coordenadora em exercício da 3º Coordenadoria Regional de Educação (3º CRE), que abrange 32 municípios e 88 escolas, Greicy Weschenfelder, revela que há Cipaves instalados em todas as escolas da 3ª região escolar. Comenta que o programa tem como objetivo motivar professores, Grêmios Estudantis e dedicar gestores. Frisa ainda que o Cipave trabalhará irmanado com as instituições de justiça, a exemplo da Segurança Pública, Ministério Público, Conselho Tutelar, além da secretaria de Saúde.
Ela explica que o Cipave é instalado a partir da composição de todos os segmentos do ambiente escolar com representantes dos alunos, gestão, pais e funcionários. “É essa comissão que vai pensar a escola, no sentido de identificar os tipos de violências que acontecem nos educandários, traçando estratégias de prevenção e enfrentamento a essas agressões que podem ser de diversos tipos, entre elas: dano ao patrimônio, verbais e físicas. Ações essas que precisam ser sistemáticas, planejadas e apoiadas especialmente pela comunidade escolar”, e complementa: “devemos trabalhar todos juntos, com o mesmo propósito, tendo em vista a educação como instrumento capaz de transformar e melhorar a sociedade”.
Segundo Greicy, já está sendo preparado um Seminário que discutirá a indisciplina, assim como encontro de formação com Grêmios Estudantis. Também será entregue, em breve, nos educandários pertencentes à 3ª CRE, a cartilha Cipave com textos voltados para a discussão, prevenção à violência em âmbito escolar.
Diálogo como ferramenta
A coordenadora revela que a punição têm mostrado efeitos negativos no ambiente escolar e não surte os efeitos desejados. Explica que o diálogo, com o olhar preventivo, a aquisição de valores, assim como o restabelecimento ou ainda a restauração das relações são metas nas escolas. “Esse programa tem como propósito ser uma ferramenta eficaz para esse novo tipo de olhar. Nesta semana, tivemos uma reunião na Escola Estadual São João Bosco, no bairro Conservas, onde juntamente com o Ministério Público, Justiça e Coordenadoria Regional de Educação, lançamos um projeto piloto de ajuda à escola que convive com a vulnerabilidade social dia a dia”, observa.
Drogas, o principal problema
A coordenadora ressalta que a realidade das escolas de abrangência da 3º Coordenadoria não é preocupante como os educandários de grandes centros, porém admite que existe casos de violência. “Claro que, em Lajeado e Estrela, por serem cidades de grande porte e com educandários com mais de 600 alunos, há maior número de casos. Um dos maiores problemas tem sido a droga. A presença dela faz com que nossos alunos venham para a escola sem o hábito e a vontade de estudar. Ainda gera agressividade e infrequência escolar”, observa.
Finaliza dizendo que a convivência pacífica alicerçada em valores deve prevalecer no ambiente escolar e que agressões verbais a professores e entre alunos são inadmissíveis. “Muitos professores, por exemplo, têm que conviver com o ‘cala boca, ninguém manda em mim’. Isso fere, machuca e nos deixa desmotivados. Assim como, qualquer vontade imediata não respeitada gera brigas entre colegas. Esse imediatismo e egoísmo, geram tudo o que não queremos na escola. Precisamos trabalhar a cultura da paz urgentemente, em todas as esferas. Isso é um problema de todos nós”, finaliza.