Que governabilidade?
Havia a esperança que a partir da votação do impeachment de Dilma Rousseff, como presidente da República, poderíamos finalmente voltar a ter governabilidade e agenda positiva de trabalho, que está seriamente comprometida desde 2014. Naquele ano, como é usual, ano de eleições, foi um ano de palanque com eventuais ações e principalmente promessas voltadas para ganhar votos. Prefeitos e vereadores viraram cabos eleitorais com promessas de recursos de emendas e investimentos pelo PAC – Plano de Ação de Crescimento, que no grande montante não foram liberados.
Em 2015, tão logo os detentores dos cargos assumiram, como todos sabemos, a crise política e econômica que já estava em curso no ano anterior, mas foi mascarada, ficou mais evidente e neste 2016 só foi se agravando, tanto que estamos próximos a chegar a 12 milhões de desempregados, inflação em alta, dívida pública enorme.
Há três meses do final do ano, fica cada vez mais difícil acreditar que no período que resta até o final do mandato do atual governo federal, em 2018- agora Temer e antes, Dilma possamos ter de fato avanços para a retomada da economia, ajustes necessários e merecidos investimentos no desenvolvimento social do país. A minha falta de esperança se dá principalmente pelo perfil do nosso Congresso e por aqueles que compõe a propalada elite brasileira que muitos ideológicos gostam de creditar ao empresariado de diferentes segmentos da indústria, comércio, serviços, agricultura, que pelo contrário, junto com seus colaboradores, pagam um preço excessivamente alto em tributos numa relação muito injusta quando falamos de benefícios. Podemos citar a própria Previdência que é generosa para quem é do serviço público, judiciário, garantindo direitos que estão longe de ser equiparados com os da iniciativa privada. A luta em Brasília, pelo menos por boa parte dos detentores de cargos se dá por interesses corporativos e pessoais e não pelos interesses coletivos, ainda que o discurso seja o contrário.
OPOSIÇÃO INCANSÁVEL = EX presidente Dilma, no seu discurso de despedida prometeu fazer oposição incansável ao PMDB e demais partidos que compõe a base governista. Deveria ter visto isto antes. Se o atual governo fracassar, a responsabilidade também será do PT que se aliou ao PMDB. Ou aliança serve apenas para ganhar eleições. Governar não exige apenas responsabilidade fiscal, também responsabilidade política.
NINGUÉM ENTENDEU – Já era esperada a votação do impeachment da presidente Dilma que perdeu o cargo após longo rito de votação por 61 votos a favor da cassação contra 20 a favor. O que ninguém entendeu porque o presidente do STF Ricardo Levandowski, interpretou o Regimento permitindo a votação fatiada com Destaque para que Dilma não perdesse os direitos políticos. Tudo indica que foi uma manobra regimental, costurada pelo próprio presidente do Supremo Tribunal Federal, presidente do Senado Renan Calheiros e outros deputados temerosos de perder mandato. Com a permissiva, entendida como ultraje à Constituição, mais alguns poderão se salvar, inclusive o próprio Renan e Eduardo Cunha. Só este fato poderá nos trazer mais dificuldades de finalmente por o País na reta da reconstrução. Entre os interesses desta manobra estariam também os reajustes salariais para o Judiciário. Se isto vai ocorrer ou não, é difícil prever.