Vale do Taquari – Até a tarde de quarta-feira (05), fazia 22 dias que praticamente não chovia na região. De acordo com as medições do pluviômetro do aposentado Bruno Guilante, de Forqueta Baixa, até a manhã de ontem foram registrados 33 milímetros de chuva por metro quadrado. Lembrando que em outubro de 2015 choveu 430 milímetros (mm) por m², resultando numa enchente. No dia 10 daquele mês o rio Taquari atingia 25 metros no Porto de Estrela.
Já neste ano, no mês de setembro, a estação meteorológica da Univates, localizada em Lajeado, registrou um acumulado de 98,8 mm de chuvas, sendo que este volume foi registrado até o dia 13 do mês em questão. Portanto, desde este dia, não chovia mais no Vale. A média histórica para o mês de setembro é de 150 mm.
De acordo com o divulgado pelos Institutos Nacionais de Climatologia, no momento estamos numa condição de neutralidade climática, mas está ocorrendo o resfriamento das águas do oceano pacífico equatorial, podendo passar para a condição de La Niña durante a primavera.
Independente de qual condição oceânica-atmosférica global atuar durante a primavera, a tendência é de chuvas irregulares para a região, muitas vezes com volumes abaixo da média. Já as temperaturas devem ficar dentro a um pouco abaixo da média.
Impactos na lavoura e bovinocultura
Na região a falta de chuva já afetou a produção de milho que foi semeada entre o fim de julho e início de setembro. As plantas ficaram sem o nitrogênio da adubação necessária para o impulsionamento inicial do plantio. E na bovinocultura, a pastagem de inverno está praticamente consumida e a de verão se desenvolveu mal. Em grande parte das propriedades não chegou a ser semeada, devido à falta água no solo.
Em Travesseiro, na propriedade de Sérgio Odilo Nied, foram registrados apenas 28 mm no pluviômetro, em setembro. Ele acredita que o milho plantado na várzea poderia estar 30% melhor desenvolvido. E mesmo se as chuvas retomarem a normalidade, na colheita as espigas e a planta vão estar 15% abaixo do tamanho. Devido à falta de forrageiras, já registra uma queda de 20% na produção de leite. “Vacas que produziam 30 litros por dia em média, estão produzindo seis litros a menos”, argumenta.
Em Passo do Corvo, o produtor Carlos Schneider conta que o milho plantado em agosto até nasceu bem, mas não está se desenvolvendo por que sem chuva não é possível passar ureia. Já a bovinocultura só não foi mais prejudicada porque o tifton é resistente a estiagens. Schneider também está utilizando vespinhas para combater as lagartas na lavoura de milho, “O resultado é fantástico, já é a terceira temporada que uso”, enfatizou.
Risco de granizo
A primavera marca a passagem das características do inverno para o verão e por isso é considerada uma estação de transição. Ela pode ainda apresentar algumas características do inverno no seu início, pois ainda há a passagem de algumas frentes frias, mas de forma geral, predomina o aumento gradual das temperaturas.
Com isso, a amplitude térmica (diferença entre os valores de temperatura máximos e mínimos diários), gradativamente tende a diminuir à medida que o verão se aproxima e, progressivamente, os dias ficam mais longos e quentes, à medida que se aproxima do verão.
Outra característica da primavera é o aumento da ocorrência de eventos extremos de temporais com ventania, raios e granizo no Estado, por vezes com acumulados significativos de chuva em curto espaço de tempo. Isto ocorre devido às temperaturas mais elevadas associadas à circulação de umidade, que formam nuvens carregadas (convectivas), com amplo desenvolvimento vertical e com potencial para gerar temporais.