Vivemos em uma sociedade onde a mecanização e as necessidades de produção de trabalho estão levando, cada vez mais cedo, indivíduos a inúmeras disfunções musculoesqueléticas. A tendência do mundo informatizado é exigir o máximo de produção em um período de tempo cada vez menor. Sendo assim, observam-se muitas pessoas com doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho e que, progressivamente, evoluem para síndromes mais complexas.
No Brasil a lombalgia é uma das principais causas de afastamento do trabalho. A dor lombar é um dos sintomas musculoesqueléticos mais comuns na sociedade moderna e vem aumentando de forma exponencial no decorrer dos anos. A estimativa feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é que 70% a 80% da população será acometida, em algum momento, por alguma dor na região lombar.
Segundo a fisioterapeuta Marcela Warken, as lombalgias são multifatoriais e geradas por fatores de risco como traumas mecânicos, síndromes da hipomobilidade, instabilidade segmentar, fraqueza muscular, estresse, além de situações do trabalho e do dia a dia, como manutenção de postura por tempo prolongado, levantamento de peso e movimentos repetitivos.
A coluna vertebral é composta por 33 vértebras empilhadas umas sobre as outras e movimentadas pelos músculos. É uma das partes mais nobres do corpo humano funcionando como suporte de todos os movimentos do corpo. Como uma estrutura mecânica, a coluna sofre desgaste, chamado degeneração espinhal. A rapidez da degeneração não depende só da constituição física e da carga genética, mas do comportamento e rotina diária de cada pessoa.
Causas da lombalgia
A coluna vertebral pode suportar uma sobrecarga além da imposta pela ação da gravidade. Geralmente as vértebras lombares são as mais acometidas pela dor em relação às demais. Isso ocorre devido a sua localização e maior peso corporal sobre a região, que está diretamente relacionada ao alinhamento das curvaturas da coluna e possíveis desvios, ocasionando a lombalgia. São inúmeros os motivos e fatores que podem levar o indivíduo a apresentar dor lombar. As principais são a má postura, a falta de flexibilidade e força muscular, o envelhecimento, o aumento de peso corporal, a gestação, o desequilíbrio das estruturas osteo-ligamentares e musculares, as alterações biomecânicas e de lesões, a hérnia de disco, a espondilolistese (deslizamento da vértebra), as fraturas vertebrais, os processos tumorais, a estenose do canal raquidiano e as patologias inflamatórias da coluna lombar.
Pilates x Lombagia
O Pilates é um método de condicionamento físico que integra o corpo e a mente, restaura o corpo, elimina as dores musculares, aumentando o controle, a força, o equilíbrio muscular e a consciência corporal. “Trabalha o corpo como um todo, corrige a postura e realinha a musculatura, desenvolvendo a estabilidade corporal necessária para uma vida mais saudável”, explica Marcela. Os benefícios dependem da execução dos exercícios com fidelidade aos seus princípios, em que a respiração, concentração, fluidez, precisão e controle do movimento, somado ao centro de força (Power house) o abdômen, devem estar relacionados.
O método Pilates apresenta um papel importante na prevenção e tratamento das disfunções da coluna vertebral, dentre elas a lombalgia. Devido ao enfraquecimento e desequilíbrio dos músculos paravertebrais bem como a musculatura abdominal presente nos quadros de lombalgia, é necessário realizar exercícios direcionados para uma melhora da força e flexibilidade destes grupos musculares para o alívio das dores lombares.
O músculo, que tem como um dos objetivos principais promover estabilidade à coluna vertebral é o transverso abdominal, uma vez que a função dele é de envolver a coluna vertebral e a cintura pélvica estabilizando a coluna lombar, onde está o foco da atuação do método Pilates. Os músculos abdominais participam no suporte da coluna, funcionando de uma maneira que diminua a tensão exercida sobre a mesma.
Benefícios: O método Pilates promove o fortalecimento dos músculos posturais, correção dos desequilíbrios musculares, alinhamento postural, aprimoramento da circulação, do condicionamento físico, da flexibilidade, da amplitude muscular e da mobilidade articular. Pode melhorar os níveis de consciência corporal e da coordenação motora, prevenindo lesões e proporcionando alívio de dores crônicas como a lombalgia.
Atualmente, o método Pilates vem sendo utilizado por fisioterapeutas e educadores físicos com a intenção de reverter quadros como o de disfunção da coluna vertebral, inclusive da região lombar. Ele pode ser realizado por pessoas que buscam alguma atividade física, que apresentam alguma patologia ou cirurgia musculoesquelética onde a reabilitação é necessária e por esportistas que visam melhorar sua performance.
É importante destacar que o Pilates busca atender as necessidades de cada pessoa. Durante a realização dos exercícios, deve-se respeitar as particularidades e limitações de cada paciente para que, assim, se possa obter resultados positivos e alcançar os objetivos propostos.