Vale do Taquari – As Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipaves), implantadas em 2016 em escolas estaduais do Rio Grande do Sul, começam a dar resultados. Nas 88 escolas de abrangência da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), com sede em Estrela, os números apontam para uma redução nos casos de violência no segundo semestre.
A coordenadora da 3ª Coordenadoria Regional de Educação, Greicy Weschenfelder ressalta que o objetivo das Cipaves é promover a cultura da paz, não só no meio escolar, mas em toda a sociedade. Para isso, a colaboração dos pais e da comunidade na qual a escola está inserida é fundamental para a redução dos níveis de violência. Parcerias com órgãos públicos e de seguranças como Brigada Militar, Polícia Civil, Ministério Público e Promotoria são essenciais para que o programa dê resultado e venha a beneficiar toda a comunidade.
Bullying e indisciplina
Animada, Greicy comenta a redução dos casos de bullying e indisciplina, foco principal dos trabalhos. No primeiro semestre de 2016 foram registrados 228 casos de bullying, contra 209 no segundo semestre. O número de casos de indisciplina caiu ainda mais: foram 1.955 nos primeiros seis meses do ano, contra 1.341 no segundo semestre. Casos de furtos no interior das escolas também diminuíram drasticamente, passando de 43 para oito, respectivamente. Da mesma forma, os acidentes com alunos caíram: foram 24 no primeiro semestre e 22 no segundo.
Porém, o programa precisa evoluir ainda mais. Greicy aponta o número de casos de agressões contra professores que se manteve no segundo semestre, em 49 casos. “É inadmissível que ainda hoje temos casos de agressões contra professores. Com todas as dificuldades da classe, isso é lamentável”, explica.
Brigas, drogas e agressões verbais
Outros tipos de violência aumentaram na comparação do primeiro semestre com o segundo. Um exemplo é a violência entre alunos (brigas). Foram 427 no primeiro, contra 541 no segundo semestre. Outra preocupação é o uso, posse e tráfico de drogas que dobrou no segundo semestre. Foram, 10 e 24 casos, respectivamente. Já as agressões verbais contra professores, funcionários e ao quadro diretivo, também teve aumento no número. Foram 446 no primeiro semestre e 610 casos no segundo. “Temos que trabalhar muito forte as questões das drogas. Para isso devemos trabalhar todos juntos. Professores, pais, funcionários, órgãos de segurança e toda a sociedade”, revela.
Parceria entre órgãos públicos
Com o objetivo de fortalecer o programa, ações com órgãos públicos e de segurança foram desenvolvidas ao longo de 2016. Palestras, reuniões e encontros com a Brigada Militar, Polícia Civil, Ministério Público, Promotoria, Corpo de Bombeiros e profissionais da área da saúde como psicólogos, enfermeiros e agentes de Saúde, foram ações realizadas no primeiro semestre e intensificadas na segunda metade do ano. “Se quisermos diminuir os índices de criminalidade, devemos trabalhar irmanados. Só assim teremos um futuro melhor. A educação começa na escola”, observa Greicy.
A coordenadora diz que está à disposição para apresentar o projeto às Administrações Municipais do Vale do Taquari que queiram implantar o Cipave em suas redes de educação. Lembra que através de uma lei municipal o projeto pode ser implantado, trazendo benefícios para toda a sociedade. “O ideal seria que todas as escolas implantassem o programa. Toda a sociedade seria beneficiada”, projeta.
Sobre o Cipave
O programa visa identificar situações de violência, acidentes e causas; definir a frequência e a gravidade com que ocorrem; averiguar a circunstância em que ocorrem estas situações; planejar e recomendar formas de prevenção; formar parcerias com entidades públicas e privadas para auxiliar no trabalho preventivo; estimular a fiscalização por parte da própria comunidade escolar, fazendo com que zele pelo ambiente escolar; realizar estudos, coletar dados e mapear os casos ocorridos que envolvam violência e acidentes, para que sejam apresentados à comunidade e às autoridades, proporcionando que estas parcerias auxiliem no trabalho de combate e prevenção dos acidentes e violência na escola.
Redução do número de alunos
A 3ª Coordenadoria Regional de Educação registrou uma diminuição de alunos nas 88 escolas de abrangência da coordenadoria. Em 2016, 23 mil alunos frequentaram os bancos escolares. Para 2017 estão matriculados, 21 mil alunos, dois mil a menos. A coordenadora atribui a queda no número de matriculados ao fato de as famílias estarem diminuindo a quantidade de filhos ao longo dos anos.