Arroio do Meio – Tomou posse na noite de segunda-feira a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Arroio do Meio, com extensão de base em Capitão e Travesseiro, eleita em 3 de dezembro para o quadriênio 2017/2020. A solenidade, realizada no CTG Querência do Arroio do Meio contou com a presença de autoridades políticas, eclesiásticas, representantes de organizações sindicais, agricultores e comunidade em geral.
A questão da dignidade do homem e da mulher que trabalham na agricultura, produzindo alimentos, foi a temática central das falas do pastor Elias Beilfuss, dos padres Felipe Bernardon e Fabrício Niederle e do bispo Dom Canísio Klaus, irmão do presidente do STR, Astor Klaus. Dom Canísio disse que todas as boas ações, seja no sindicato ou em outra instituição, devem ser focadas sempre com o espírito de somar. Principalmente para garantir tudo o que já foi conquistado e impedir que direitos sejam roubados.
O ex-presidente Carlos Pedro Kirch, que integrou diretorias por 20 anos, se despediu em tom de agradecimento. Disse que houve períodos difíceis, outros melhores e prevê um momento de grandes desafios daqui para a frente. Lembrou que há pouco tempo se comemorava conquistas históricas como a aposentadoria da trabalhadora rural e que hoje os agricultores precisam estar atentos e mobilizados para que estes direitos adquiridos não sejam suprimidos. Conclamou os agricultores para se unirem, pois só a diretoria sozinha não tem a força de mobilização necessária. Agradeceu a todos que fazem e fizeram parte do sindicato e desejou sucesso ao presidente Astor e demais membros da diretoria.
O coordenador regional do STR, Luciano Carminatti, que enquanto representante da Fetag deu posse aos eleitos, lembrou que o movimento sindical viveu três fases distintas nas últimas décadas. O primeiro, até 1988, marcado pela luta por direitos; o segundo na década de 1990 quando buscava avanços nas políticas públicas e o terceiro, vivido na atualidade, no qual se faz necessária a luta para não perder direitos conquistados. Frisou que os agricultores são uma categoria fundamental para o país, pois produzem alimentos e matéria-prima, e mesmo assim são pouco valorizados. Carminatti desejou sucesso à nova diretoria e também conclamou a classe para a mobilização.
O vice-presidente do STR, Paulo Grassi, lembrou que as dificuldades enfrentadas pela entidade nos últimos anos foram muito sérias e cumprimentou a diretoria anterior por suportar a carga e a pressão. “A competência, a honestidade e a serenidade dessas pessoas ajudaram a superar essas dificuldades”, frisou.
Grassi afirmou que hoje o STR é uma entidade sadia economicamente – com um patrimônio líquido avaliado em cerca de R$ 4,5 milhões – que continua cumprindo seu papel e se prepara para enfrentar um período duro. Disse que o pacto construído com a sociedade em 1988, com a Constituição, está ruindo com as propostas de mudanças que retiram direitos e que é hora de se organizar para enfrentar essa ruptura com a participação de toda a sociedade. “Precisamos construir esperança para o povo brasileiro que não tem em quem confiar. A organização social vai fazer a grande diferença nesse momento”.
A luta pela garantia de direitos, em especial a aposentadoria rural, deu o tom ao discurso do deputado federal Elvino Bohn Gass (PT). Ao lembrar da história de luta em defesa dos agricultores, frisou que a classe já passou por grandes dificuldades até obter o reconhecimento dos governos e que isso só foi possível graças a organização sindical e o apoio das pastorais. Salientou inúmeras conquistas e frisou que ainda há pelo que lutar. Disse que o STR de Arroio do Meio sempre foi uma grande referência de luta e que tem certeza de que o presidente Astor e sua equipe vão fazer um bom trabalho.
O último a falar foi o presidente Astor Klaus. Disse que o momento é de desafios e que é preciso diálogo e união. Acredita que o trabalho de mobilização vai dar resultado, assim como já deu, em outras épocas. Como exemplo citou o trabalho do Movimento das Mulheres, cuja luta foi forte e decisiva para a conquista da aposentadoria das mulheres rurais. Lembrou que a primeira mulher do Estado a receber a aposentadoria foi de Arroio do Meio.
Astor agradeceu a todos associados que já colaboraram e colaboram com o STR e disse que é preciso voltar a ouvir as bases, como no início da luta sindical. Colocou-se à disposição para colaborar com os municípios e fez um agradecimento especial à sua família.
Na solenidade também se pronunciaram o prefeito de Arroio do Meio, Klaus Schnack, o vice-prefeito de Travesseiro, Sérgio Nied e a patroa do CTG Querência do Arroio do Meio, Regina Rodrigues. Os três enfocaram a importância do STR para a classe representada e se colocaram como parceiros da nova diretoria.
Após a solenidade foi servida janta por adesão.
Composição da diretoria
Presidente: Astor Klaus.
Vice: Paulo Roberto Grassi.
Tesoureira: Gladis Berwanger.
Secretário: André Beuren.
Suplentes: Blásio Graf, Lucila Maria Petry, Lourdes Bruismann e Antenor Kuhn.
Conselho Fiscal: José Ricardo Stefens, Wilson Breidenbach e Therezinha Bettio.
Suplentes: Vianei Lansing, Guerta Klein e Emira Maria Dutra.
Delegado: Volmir Tonezer.
Suplente: Oterno Scherer
Para deputado, reforma da previdência é um projeto cruel e desumano
Apresentado no início de dezembro, o projeto que trata da reforma da previdência vem avançando nos trâmites burocráticos e assustando boa parte dos trabalhadores. Trata-se de uma alteração de emenda constitucional e já tem admissibilidade na Comissão de Constituição e Justiça.
Em fevereiro, segundo o deputado Elvino Bohn Gass, vai se constituir uma comissão de representação de todas as bancadas. A partir de então haverá o prazo de 10 dias/sessões para que sejam apresentadas emendas e, depois, de 40 sessões para que a proposta esteja pronta para ir para o plenário. O projeto precisa ser votado em dois turnos na Câmara e depois em dois turnos no Senado. Deve ser concluído para apreciação ainda no primeiro semestre deste ano.
“Nós vamos fazer de tudo para que ele seja rejeitado. Porque é o projeto mais cruel e mais desumano apresentado até hoje. Tirar de quem tem salário mínimo, que nem a trabalhadora e o trabalhador rural, a sua aposentadoria como segurado especial é um crime. Ele (projeto) fere inclusive a Constituição, o artigo 60 parágrafo 4º da Constituição diz que não pode ser alterado cláusulas pétreas. O direito a aposentadoria é uma cláusula pétrea das pessoas”, informa.
O deputado diz que a proposta, da forma como está hoje, tira a condição de segurado especial, o que significa que o agricultor vai precisar contribuir com a previdência. E essa contribuição terá de ser feita pelo homem, a mulher e os filhos. Não será mais como é hoje. “Hoje se o agricultor não colhe porque há uma sinistralidade com o tempo, ele igual mantém o seu direito, porque não é culpa dele. Com a nova proposta não, ele vai ter de pagar. Se não pagar, não vai ter”, destaca, dizendo que outro fator negativo é a fixação da idade para a mulher se aposentar em 65 anos. “A mulher tem uma diferença pela sua segunda ou tripla jornada e ele já vai igualar a mulher ao homem, além de aumentar a idade”.
As mudanças também afetam a pensão, que será tirada dos assalariados. “Reduz a pensão de viúvo ou de viúva pela metade enquanto não mexe absolutamente nada em altos salários. Não mexe nas famosas questões das filhas solteiras, conhecidas assim, e que por isso mantém as pensões vitalícias dentro do Exército. Nisso não mexe absolutamente nada”, afirma o parlamentar.
Além disso, Bohn Gass chama a atenção para a questão da falsa ideia de déficit da Previdência. Diz que a proposta que tramita não coloca ordem na questão da Desvinculação das Receitas da União (DRU) que não vão para a Previdência ou nas desonerações que são feitas e o Tesouro não repassa os recursos para a Previdência.
Os trabalhadores urbanos também serão afetados, pois o valor da aposentadoria será menor. “Hoje se pega a média de 80% das melhores contribuições. A partir de agora vai se pegar de todas, ou seja, dos salários menores também. Então rebaixa a aposentadoria. E para adquirir esse percentual o trabalhador ainda vai ter que trabalhar 49 anos. Se não trabalhar 49 anos vai ter apenas um percentual daquela média rebaixada”, explica.
Outra alteração implica no benefício de prestação continuada, que é aquele para deficientes ou pessoas mais pobres que hoje recebem esse recurso a partir dos 65 anos. Com a medida, estas pessoas só vão receber a partir dos 70 e ainda com o benefício desvinculado do salário mínimo. Podendo ser um valor inferior ao salário mínimo.
Para o deputado, que preside a Comissão Parlamentar em Defesa da Previdência Social Rural, sob todos os aspectos, a proposta é ruim, pois vai diminuir os recursos, o retorno aos municípios e as pessoas vão migrar para uma previdência privada. Acredita que o projeto vai desestimular as pessoas a contribuírem para a previdência pública e vai prejudicar toda a sociedade brasileira. “Só temos uma ação a fazer e essa vou trabalhar com força como presidente da Comissão Parlamentar em Defesa da Previdência Social Rural, numa cruzada nacional para que em todos os municípios tenha comitês e frentes parlamentares para nós dizermos não a essa reforma da previdência que vem acompanhada também da reforma trabalhista que quer fazer com que cada um tenha que trabalhar 12 horas por dia, que é outro tema que é só para agradar aos grandes empresários que querem flexibilizar ou acabar rasgando a CLT, que é a lei trabalhista no país”, reforça.
Questionado sobre as perspectivas para a votação, o deputado alerta que o governo tem uma base muito sólida. “Mas eu tenho a esperança que no tema da aposentadoria, que vai ferir de forma tão cruel a vida das pessoas, haja uma pressão sobre o parlamento e com isso haja mudanças para que esse projeto não vingue. Tenho esperança, aposto nisso, e peço para que a sociedade se mobilize para a gente impedir esse desastre que é essa proposta que está posta”.