Noite de sábado. Lá fora, chuva torrencial, maior climão de inverno. Nível dos rios em alta, população ribeirinha em alerta, tensão. Farto das intermináveis reprises da NET e sem paciência para acessar filmes pagos resolvi zapear pela internet. No facebook flagro uma imagem – ao vivo – direto do estúdio da Rádio Independente, de Lajeado, onde trabalhei com um timaço de radialistas comandados pelo saudoso Lauro Mathias Müller, lá pelos idos de 1985/86.
No ar, Paulo Rogério dos Santos, craque do microfone e na coordenação das coberturas de enchentes, ladeado por um jovem locutor, dotado de voz potente, cujo nome me penitencio por não lembrar. Enviei duas ou três perguntas, uma delas sobre a situação da nossa Área de Lazer, e acompanhei os comentários que desfilavam na telinha do smartphone.
Os levantamentos históricos – sabe-se lá de quantos anos! – coordenados por Paulo Rogério impressionam. Lembro com nitidez de meu falecido pai – o velho Giba – ouvindo rádio nesta época. À época era Lauro Müller que pilotava o microfone por madrugadas a fio. Ele comparava metragens, horários e o comportamento dos rios Forqueta e Taquari, para emitir alertas à população.
Imbatível, sobreviveu à tevê, adaptou-se à internet e a cada dia ganha mais aficionados
“Converso” diariamente, através do whatsapp, com outro grande amigo radialista que muito admiro: é Renato Worm, hoje na Rádio Vale, de Estrela. Com frequência comento sobre o insuperável reinado do rádio. Em coberturas ao vivo é um veículo imbatível, soberania ainda mais evidente com o advento do telefone celular. De qualquer lugar do mundo milhões de ouvintes têm a atenção concentrada por horas ininterruptas, ávidos por informações.
Além da Independente, trabalhei nas Rádios Gazeta AM e FM, de Santa Cruz do Sul, onde minha admiração por este veículo só aumentou. Tive o privilégio de trabalhar com grandes nomes em ambas as emissoras. Um deles, Heron de Oliveira, foi deputado estadual. É um profissional que admiro até hoje pela coragem por fazer do microfone uma arma letal na luta contra injustiças perpetradas contra pessoas necessitadas.
Democrático, o rádio permite acesso de qualquer ouvinte, de qualquer lugar, a qualquer hora, constituindo-se no mais valioso instrumento de serviço à comunidade. Imbatível, sobreviveu à tevê, adaptou-se à internet e a cada dia ganha mais aficionados. Quase toda a minha vida trabalhei em jornais, produzindo textos escritos, mas confesso: sou apaixonado pelo rádio. Quem sabe um dia mudo de vida para migrar de vez para este veículo eletrônico que há décadas conquistou os corações de bilhões de pessoas ao redor do mundo. No Brasil, é preferência nacional.

