Depois de um inverno “como nos velhos tempos” tivemos uma semana de luxo: friozinho pela manhã e à noite. Ouvi de especialistas que o calor dos últimos dias é prejudicial à agricultura, especialmente os frutos cítricos. Vamos ver.
Um casal amigo, residente no Rio de Janeiro, desconfia que eu esteja treinando para participar do Festival da Mentira de Nova Bréscia. Ao acordar às 6h como sempre faço, na semana passada, enviei um whatsapp informando que tínhamos 4°C em Porto Alegre, e -6°C na região dos Campos de Cima da Serra. Eles até acreditaram porque ambos são gaúchos. Ele, Vicente Petry, amigo de décadas, é arroio-meense.
A desconfiança com a minha pessoa se deu quando escrevi, na última terça-feira, que fazia “um calor senegalês na capital gaúcha, onde fazia 18°C às 8h da manhã.
– Tu andou bebendo? – perguntou a amiga Carolina Wist, esposa do amigo conterrâneo, sem entender tamanha oscilação neste inverno que não é mais o mesmo.
Nada mais normal. Afinal ela estava confusa com a falta de sincronia de notícias de uma semana para outra, tamanho disparate conhecido tecnicamente como “amplitude térmica”, que é a diferença entre as temperaturas mínima e máxima ao longo do dia.
O comércio varejista torce pela volta do frio intenso para desovar seus estoques
Os invernos dos últimos anos têm sido diferentes. Nada a ver com o que acontecia no meu tempo de piá, vividos do outro lado do trevo, no bairro Bela Vista. Hoje, os dias gélidos não duram mais que uma semana. Antigamente – na década de 60 e 70 – era duro sobreviver ao termômetro abaixo dos 10°C por períodos que se estendiam por 15, 20 ou 30 dias consecutivos.
O frio inclemente acarretava enormes sacrifícios e muitos danos à saúde de homens, mulheres e jovens que ordenhavam vacas pisando na geada e executando outras lides da terra. Independente do clima era preciso alimentar os animais, fazer a colheita, cuidar das plantas.
Para os “urbanoides” – pessoas que moram nas cidades – o friozinho no começo e ao final do dia desta semana constitui em dádiva para compensar as altas temperaturas no período de luz natural. A grande vantagem é acordar ainda escuro e constatar que não é preciso acumular roupas pesadas para enfrentar o frio. Uma camisa e um jeans são suficientes, bastando um abrigo leve para a tardinha.
Enquanto isso, o comércio varejista torce pela volta da friagem para desovar seus estoques. Em época de crise associada ao clima ameno é preciso nervos de aço para encarar as dívidas que se acumulam. Rezemos!

