A passagem do Dia do Colono e do Motorista foi de celebração e reflexão entre os agricultores da área de abrangência do Sindicado dos Trabalhadores Rurais (STR) de Arroio do Meio. Na noite de terça-feira, mais de 100 pessoas estiveram no salão de festas do Salão Paroquial para celebrar a vida e relembrar uma trajetória de lutas e conquistas, que trouxe benefício para os agricultores.
A celebração foi conduzida pelo padre Alfonso Antoni e o pastor Valmir Simon, que salientaram a importância de se celebrar a história mais recente e também lembrar os colonizadores imigrantes que enfrentaram muitas dificuldades ao chegarem no Brasil. Na abertura, o presidente do STR, Astor Klaus, disse que é preciso relembrar e agradecer o que já foi conquistado e pedir apoio para a continuidade das lutas.
O secretário do STR, André Beuren, elencou as diversas lutas lideradas pelo sindicato e segmentos paralelos como o Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). A cada anúncio pedia que as pessoas que participaram das mobilizações se manifestassem.
Mais adiante, o vice-presidente Paulo Grassi, mostrou num telão recortes de jornais que registram as mobilizações, contextualizando um pouco de cada uma. Destacou que os agricultores são muito lembrados no dia 25 de julho, mas praticamente esquecidos no restante do ano. Disse que hoje se vive momentos de angústia, incerteza, insegurança e turbulências. Por isso, considera importante visitar o passado e ver que muito já foi feito e que é possível sim construir outra realidade. “Somos descendentes de colonizadores, que chegaram aqui numa situação muito difícil e começaram uma vida nova. Tiveram a capacidade de transformar a realidade na qual viviam”, afirmou, lembrando que nas décadas de 1980/1990 foi um período de grande crise na agricultura e foi justamente ela que motivou várias lutas que posteriormente se tornaram conquistas importantes para o setor.
Ao relembrar os vários momentos que ficaram marcados na história do sindicato e na memória dos agricultores, como a luta das mulheres pela aposentadoria, a renovação sindical, a luta por melhor preço do leite, a greve de fome, surgiram depoimentos de pessoas que participaram das mobilizações.
Os padres Zeno Graff e Astor Backes falaram de situações que viveram na época em que estiveram em Arroio do Meio. O padre Zeno disse que foi uma luta muito intensa, mas com muito respeito, sempre na defesa dos agricultores. Astor Backes falou sobre o episódio no qual abriu o salão paroquial para abrigar os agricultores que participavam da mobilização Ferramentaço, na década de 1990 e, dias depois, teve de dar explicações numa assembleia que contou com a presença do bispo.
Também se manifestaram a vereadora Adiles Meyer (PMDB), que parabenizou os organizadores do evento, pela iniciativa de revisitar a história dos agricultores e dos colonizadores e o deputado federal Elvino Bohn Gass (PT). Bohn Gass, que antes de ser deputado teve forte atuação na luta sindical rural, também elogiou os organizadores do evento, salientando que inúmeras conquistas vieram a partir de mobilizações. Disse estar de alma lavada por estar tendo a oportunidade de estar refletindo tudo o que já foi conquistado para os agricultores, com destaque para os direitos das mulheres e salientou que é preciso continuar alerta e na luta, a fim de não perder essas conquistas.
Após as reflexões, a celebração foi encerrada e os presentes tiveram um momento de confraternização a partir de alimentos que cada um levou. Já ficou acertado que no ano que vem a celebração irá se repetir, no dia 25 de julho.


