O produtor de leite volta a ter um momento de frustração e de desestímulo na atividade que, por si, apresenta-se muito instável e insegura. Não bastasse o período de inverno que traz uma série de dificuldades para o setor, registrando normalmente um aumento no custo de produção, temos mais uma vez a queda do preço do produto pago ao agricultor.
Pelo visto, a redução do preço do leite pago pelas Indústrias não é uniforme, podendo variar de cinco a dez centavos no litro, em relação ao mês anterior.
Por sua vez o volume produzido cai um pouco nesta época, principalmente nas propriedades que não têm uma estrutura maior, sobretudo no que se refere à alimentação do rebanho, ficando mais na dependência de pastagens gramíneas ou outro pasto verde.
Mas segundo as entidades que representam os produtores, o grande problema, reiteradamente debatido e combatido, é a falta de controle nas importações de leite, principalmente em pó, de países vizinhos. Para discutir, mais uma vez este caso, aconteceu no início desta semana um encontro em Brasília, em que dirigentes e líderes dos órgãos representativos cobraram do Ministério da Agricultura uma ação de defesa da produção nacional.
Além da limitação do volume de importações, as entidades reivindicam que o governo federal interfira no sentido de comprar volumes de estoques das indústrias e cooperativas gaúchas, desafogando um pouco a produção represada, criando condições favoráveis para a comercialização do produto local.
Infelizmente esta insegurança que afeta o produtor de leite continua fazendo vítimas. Retira, aos poucos, tradicionais produtores da cadeia, e na região esses números de desistências são significativos, atingindo principalmente as propriedades que não têm perspectivas de sucessão.
E por falar em sucessão ou em mudanças no panorama das propriedades rurais ou agrícolas, é oportuno falar um pouco do Censo Agropecuário que será feito em todo o país a partir do mês de outubro.
O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, está organizando o processo do Censo, começando pelo treinamento dos recenseadores, neste final de semana.
Será um trabalho interessante e importante, pois já decorre um longo tempo em que não há um processo neste sentido de pesquisa e de verificação das condições do setor agropecuário. O planejamento do IBGE previa realizar o Censo de cinco em cinco anos, mas sabidamente essa periodicidade não vem acontecendo e os dados, informações relativas ao campo, estão desatualizadas e defasadas e ninguém sabe, com exatidão, as informações concretas e precisas das atuais situações das atividades e de quem mora no meio rural.
Compensação de perdas...
Com a constatação de que os municípios com destacada produção agropecuária, em sistemas de integração de aves e suínos, terão significativos prejuízos e perdas a partir de 2019, em razão das mudanças na apuração do valor adicionado, conforme já comentado nas duas semanas anteriores, o foco passa a ser de como os dirigentes municipais encontrarão meios para compensar a diminuição de suas receitas. Audiências públicas, seminários, debates e reuniões técnicas para um entendimento melhor das mudanças são providências que ocorrem, com frequência.

