Enquanto ainda assistimos, ouvimos e lemos diariamente nos noticiários e informações sobre atos de corrupção, falta de ética e transparência por parte de quem está representando a sociedade nos principais poderes constituídos, felizmente crescem movimentos a favor de mudanças. Alguns movimentos de mobilização se destacam dispostos a pressionar os políticos tradicionais a ouvir o que a população quer. Entre estes grupos estão o Acredito, Virada Política, Agora, Nova Democracia, Movimento Transparência Partidária, Bancada Ativista e outros. Pode ser que nem todos consigam seus intentos, mas é certo que a forma tradicional de fazer política precisa realmente ser modificada. Ainda será pelo voto que o eleitor poderá rejeitar os candidatos que foram votados em nome de promessas não cumpridas, que se acomodaram em cargos e não fizeram jus ao salário pago, que não lutaram pelas aspirações dos seus eleitores, que não articularam com coragem mudanças necessárias para o presente e futuro… Estes movimentos deverão atuar já nas próximas eleições e podem sim representar mudanças no país como já ocorreu com outros movimentos como os que tiveram força no início da década de 1980, a favor da nova Constituição, direitos das mulheres, Diretas Já e outros. Uma legião de idealizadores derrubou a ditadura e promoveu avanços que tiveram significado histórico.
É revoltante
Aliás, quais são no momento os grandes debates públicos em torno de mudanças no país? São raros os debates dos deputados em torno de projetos de educação, saúde, segurança. Não se vê por propostas para mudar índices trágicos que ostentamos em termos de violência com cerca de 60 mil mortes de jovens por ano. Não se vê propostas para combater a prostituição infantil, o desemprego ou investimentos na Educação Infantil e Ensino Fundamental. E é bom que se diga que esta ausência de política social, já vinha de governos anteriores, apesar do discurso ter sido a favor dos mais desfavorecidos. Houve durante o governo de Lula um clima muito favorável para a implementação de políticas sociais aos mais pobres que foi algo positivo, assim como uma política para o consumo. Mas faltaram políticas de longo prazo para a educação, saúde e segurança.
Trabalho escravo
Em pleno século 21 o Brasil retrocede na legislação que regula o trabalho escravo. Em portaria assinada esta semana haverá restrições em relação à divulgação da lista de empregadores que mantém trabalho escravo. Entende-se por trabalho escravo submeter o trabalhador à jornada exaustiva, em más condições de trabalho e moradia (principalmente em áreas rurais onde há maior incidência) impedido de ir e vir, preso por conta de dívidas com o empregador. Um Fiscal da Divisão de Trabalho Escravo foi demitido dias antes de entregar a lista de 132 empregadores brasileiros que estariam submetendo trabalhadores a condições degradantes. Analistas políticos avaliaram que a medida do Governo Temer foi um agrado à bancada ruralista.
Se manter no poder
Boa parte das previsões para 2018 indicam que o país vai gradativamente se recuperar da recessão. O mercado e o povo não aguentam mais tanta notícia ruim. Em parte, as previsões otimistas estão alavancadas na realização de eleições de presidente da República, governadores, senadores e deputados em outubro próximo para virar esta página de quatro anos de governo que ficará marcado por uma ex-presidente, Dilma Roussef (PT) e um vice, agora presidente Michel Temer (PMDB), que focaram sua passagem na vida pública assaltando os cofres públicos primeiro para se eleger, e depois para se manter no poder, com o aval do Judiciário e do Congresso.