Foram cinco anos sem férias. Depois de muita pressão familiar tirei 10 dias de férias em Capão Novo, que foi concebida como praia-modelo. Foi o primeiro lugar no Estado a ter tevê a cabo. Todas as ruas, que têm nomes de flores e pássaros, eram exemplo de capricho, limpeza, zelo. Mas depois que o Grupo Capão Novo – responsável pela implantação do empreendimento – repassou o balneário à prefeitura de Capão da Canoa, que transformou em distrito, a decadência é marca registrada.
Dez dias de férias é muito pouco para um ansioso, inquieto e viciado em trabalho assumido como este que vos digita. Esquecer do celular e ignorar o relógio é quase impossível. Todos dias, às 8h, já estava em busca de jornais. Antes de me chamarem de louco, lembro que informação é a matéria-prima de todo jornalista.
No retorno das férias não há tempo para recuperar as informações passadas. Imagine, prezado leitor, chegar da praia e deparar uma pilha de jornais antigos. Para piorar, informo os amigos que possuo assinatura de três jornais diários, além de outros que compro em bancas. Por isso, é impossível ficar por dentro das últimas notícias em poucas horas, o que obriga ler mesmo na folga.
Um fenômeno estranho aconteceu: durante as férias todas as minhas roupas encolheram
Desculpa dada, admito que é muito difícil, para mim, relaxar, desligar do mundo, para usufruir do sol – no meu caso de um guarda-sol -, de uma cadeira confortável e de um cooler lotado de cerveja gelada. Além da caça aos jornais ia ao supermercado para comprar leite, pão e outros produtos necessários à subsistência.
Apesar do tempo curto de descanso estou satisfeito por ter cumprido a primeira promessa feita no Ano Novo, embora seja cópia de vários réveillons passados. Resta, agora, cumprir as demais metas fixadas, embora seja mais uma tradição que um verdadeiro esforço para mudar de vida.
Além da minha má vontade em trocar as bermudas/calção pela calça comprida ocorreu um fenômeno: o encolhimento de várias peças do vestuário. Preciso com urgência trocar meu guarda-roupas porque está equipado com um dispositivo invisível que reduz o tamanho das roupas. Tudo – calças, camisas, camisetas – ficaram apertadas em mim. Presumo que algo de muito estranho tenha ocorrido.
Ano que vem tomarei cuidado. Tentarei usufruir um período maior, suficiente para relaxar de verdade à beira mar. Aqui, em Santa Catarina ou no Nordeste. Notícias alvissareiras indicam que o pior da crise passou, que novos ares se avizinham e que 2018 será o ano da retomada. Torço para que isso aconteça. A legião de desempregados choca. As ruas estão lotadas de desabrigados. É preciso uma mudança urgente.
Sem bronzeado – sequer o famoso “pimentão” me acometeu – retornei à rotina há uma semana, sem efeitos colaterais. Foi curto, mas foi bom. O negócio, agora, é trabalhar e planejar as próximas férias.

