O Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais do Rio Grande do Sul, como de resto do Brasil perdeu, no último final de semana um líder, da maior expressão, reconhecido e respeitado pela sua exemplar dedicação à Organização Classista. Ezidio Pinheiro foi dirigente do STR de Frederico Westphalen, de 1970 a 1980, quando passou a integrar a diretoria da Fetag-RS, com quem convivi por mais de seis anos, de 1980 a 1986.
Em 1997 Pinheiro assumiu como vice-presidente da Contag, em Brasília, retornando após à presidência da Federação, sendo, a partir de 1994, eleito, por dois mandatos consecutivos, como deputado federal na Câmara dos Deputados, onde integrou importantes comissões como da Seguridade Social, de Agricultura e de Política Rural. Tornou-se coordenador do grupo parlamentar em defesa da Agricultura Familiar e Assalariados Rurais do Congresso Nacional. Ficou vinculado à direção da Federação até 2007.
A liderança exercida por Ezidio Pinheiro no Movimento dos Trabalhadores Rurais, durante praticamente 40 anos, caracterizou-se pela firmeza em suas convicções e decisões, além de uma extraordinária capacidade diplomática em conduzir os temas de interesse da classe rural. Pois a década de 1980 foi marcante na condução da categoria, pois ali ocorreu a elaboração da atual Constituição Federal, surgiu o Movimento dos Sem Terra, a própria transformação da organização sindical, com a sua total “desvinculação” do Ministério do Trabalho a quem, até então, estava atrelado e monitorado.
Estivemos em Brasília, em 1985, no 4º Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais, com os encaminhamentos dos temas que viriam a ser contemplados na Constituição. Saúde, Previdência Social, reconhecimento da trabalhadora rural como beneficiária, garantia de benefícios não inferiores a um salário mínimo, reforma agrária, política agrícola, enfim, outras questões de interesse do pequeno trabalhador rural foram pautadas e debatidas exaustivamente.
Citaria ainda a grande mobilização feita em torno da regulamentação de dispositivos da Constituição de 1988. A aposentadoria da trabalhadora rural foi um exemplo das manifestações necessárias. Ezidio Pinheiro, foi, acima de tudo, um dirigente sindical de propósitos, unificador e pacificador dentro de uma categoria de conflitos, de tendências e de mudanças. A sua partida é sentida e lamentada.
Vamos às urnas no domingo?
Nós estamos rodeados de eleitores que manifestam intenção de anularem o seu voto nesse domingo. Há de se entender a decepção, a desesperança, o descrédito dos brasileiros quanto à política em nosso país. Entretanto, se as opções que estão colocadas não são do nosso agrado, de nada adiantará “votar em branco”, pois teremos eleitos, independentemente do número de pessoas que forem às urnas.
Se existe o entendimento de que os candidatos não são merecedores do nosso voto, vamos tentar optar pelo “menos ruim”. Caso esse não corresponder ao que esperamos, haverá nova eleição dentro de quatro anos para uma substituição. Quem se omite, não terá o direito, nem sequer, de reclamar. Analisemos as propostas, as promessas, os planos e façamos um bom uso do nosso voto.

