Até 31 de janeiro, pescadores amadores e profissionais só estão autorizados a pescar com anzol e linha, numa distância superior a 1,5 mil metros de represas, barragens, corredeiras e cachoeiras. O período de defeso vigora desde 1° de novembro, tornando inapropriada a pesca em grande parte da bacia hidrográfica do rio Taquari, especialmente em seus afluentes.
O comandante do Grupo de Patrulhamento Ambiental da Brigada Militar (GPA-BM) do Vale do Taquari, Adilson da Silva Brum, ainda reforça a proibição do uso de redes, aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos durante a piracema, sob pena de processos criminais, civis e administrativos. Cada pescador pode usar no máximo duas varas ou linhas com um anzol em cada.
Nesta temporada o GPA-BM já recebeu diversas denúncias e tem feito vistorias de rotina. De 1º de novembro, quando iniciaram as restrições do período de defeso, até esta semana, já expediu seis Boletins de Ocorrência. Na região, os pontos onde ocorre a maior incidência de pesca irregular, são na barragem de Bom Retiro do Sul, e em represas de usinas hidrelétricas em Teutônia e Putinga, mas a prática também é comum em pequenos poços que existem em todos os arroios e riachos.
Nas abordagens, o GPA, em um primeiro momento, procura analisar cada situação e punir de forma mais contundente a pesca predatória. “Percebe-se que há muitas pessoas desorientadas quanto ao posicionamento geográfico. Mas nas denúncias mais graves, quando não conseguimos atender com nosso efetivo, pedimos apoio de patrulheiros de outras cidades e regiões”, explica.
Neste período, por ato de pesca, cada pescador pode apanhar no máximo cinco quilos de pescado, respeitando o tamanho mínimo de cada espécie. A captura de grande quantidade desses peixes nesse período, pode ocasionar uma diminuição da população de uma determinada espécie.
Tamanhos mínimos das espécies nativas do Vale do Taquari
Pintado e viola: 18 cm
Piava, jundiá, grumatã e cascudo: 30 cm
Observação: apenas 10% da pescaria pode ser abaixo do tamanho mínimo
É proibido capturar espécies que devem ser preservadas (no RS o dourado);
Multas e penas: reclusão de um a três anos e multa de R$ 700 a R$ 100 mil, acrescidos por R$ 10 por quilo de produto.
Saiba mais – A piracema é um fenômeno que ocorre com diversas espécies de peixes que nadam rio acima para realizar a desova em locais mais rasos e onde há maior oferta de nutrientes. Ela geralmente se dá no verão, quando a água e o ar estão mais quentes.
Nadar contra a correnteza é extremamente importante para o sucesso reprodutivo, uma vez que o esforço físico aumenta a produção de hormônios. No momento da fecundação, que ocorre externamente, a fêmea lança óvulos na água, enquanto o macho lança os espermatozoides diretamente sobre eles.
Após o processo, os peixes descem o rio e os ovos e larvas também fazem a viagem no sentido contrário ao da piracema enquanto amadurecem.
Um grande obstáculo à piracema é a presença de barragens. Muitas vezes, os peixes ferem-se gravemente, além da exaustão, que os deixa vulneráveis a predadores.
Geralmente as barragens apresentam sistemas para a transposição de peixes. Uma espécie de escada que facilita a subida e descida dos peixes. Mas em muitos casos, mesmo quando os peixes conseguem se reproduzir nos reservatórios, as larvas e ovos não conseguem sobreviver, pela inexistência de um habitat favorável. Além disso, as turbinas podem causar a morte tanto dos peixes quanto dos ovos e larvas.