Além dos simbolismos da despedida do ano e da chegada de um novo período, nós tivemos, ou temos, como momentos extraordinários, a troca dos governantes no âmbito estadual e federal. Mudam os Poderes Executivos, nem todos, mas altera, tanto cá como acolá, o ânimo, a disposição, a renovação de propósitos, de ações inovadoras ou de atitudes de correção de rumos, embora todos saibam das grandes dificuldades a serem superadas.
A enorme, acentuada e profunda crise política, moral e ética que assola o País tem causado cicatrizes de proporções, desafiando os recém-empossados, clamando por processos de “limpeza”, buscando os responsáveis pelo caos econômico instalado, em consequência dos inimagináveis volumes de recursos financeiros desviados, roubados e mal utilizados nos últimos anos.
O presidente Bolsonaro suprimiu mais de uma dezena de Ministérios, como forma de enxugar os gastos públicos e fazer sobrar recursos para Programas Sociais, para obras e investimentos na área da infraestrutura.
Por sua vez nas manifestações de todos os governadores, tanto estreantes, quanto veteranos, de forma unânime, desejam priorizar a “recuperação financeira” dos Estados. E o Rio Grande do Sul que está no grupo dos que estão em piores situações, trata da tomada de medidas urgentes para retomar a viabilidade econômica. Não basta o corte de várias Secretarias e, certamente, todos os setores de atividades econômicas serão chamados a darem sua cota de contribuição e de sacrifício, respingando, provavelmente, nos servidores públicos gaúchos e seus planos de benefícios, além da política salarial.
O otimismo dos brasileiros e dos gaúchos será de fundamental importância na reanimação das expectativas. Evidentemente, esse estado de espírito não será, por si, suficiente para alcançar as mudanças que o povo espera.
Os antecessores deveriam ser chamados a auxiliar na identificação de todos os responsáveis pelos desmandos acontecidos pelo País afora. Alguns já estão pagando penas, respondendo a processos na Justiça. Mas devem existir muitos outros ainda, que não podem ficar impunes. A corrupção alcançou índices alarmantes e os maus exemplos estão espalhados, em níveis e em formas diferentes.
Coloco aqui um fato ilustrativo, para mostrar como vinham ocorrendo desperdícios de dinheiro público, possivelmente desviado. Pois, no início do 2018, aconteceu um ato político, em Porto Alegre, com a presença de líderes nacionais. Já altas horas da noite, um comboio de três ônibus, lotados de militantes, estacionou em um restaurante, à beira da BR 386, com a justificativa de que as pessoas (massa de manobra) precisavam justificar o gasto de R$ 70,00 cada um. Dinheiro que alguém obteve de fonte não revelada. Situações como essa devem ter acontecido incontáveis vezes.
Se tais recursos tivessem sido destinados a incentivar pequenas empresas, indústrias, na geração de empregos, de renda, na saúde, na educação, segurança, será que seus efeitos não seriam mais produtivos? Estimulava-se o ócio. Talvez até ocorriam orientações para que certas pessoas não procurassem empregos para não perderem determinados “privilégios”.
Fiquemos alerta. Pois se daqui para frente ocorrer qualquer fato que coloque em dúvidas a propagada moralidade e austeridade, a população não deve silenciar e não podemos ser omissos como fomos nos últimos anos.
Os primeiros anúncios e seus desdobramentos, do novo Governo Federal, podem gerar certo temor entre a classe trabalhadora, especialmente a rural. A definição do Salário Mínimo e a intenção de alteração nas regras da aposentadoria rural, causam apreensão. Mas na medida em que se souber de detalhes das medidas, em elaboração, se poderá ter uma noção da real intenção das, hoje, autoridades.