Ganhei um presente neste início de ano. Veio do Rio de Janeiro e na forma de um e-mail. Uma surpresa boa. Achei que a Dalva – este é o nome da pessoa que enviou – foi pra lá de generosa. Deu-se ao trabalho de partilhar recordações de infância, que lhe surgiram a partir de um texto publicado aqui.
Como se sabe, escrever é um trabalho solitário. Fica difícil avaliar se tem alguma serventia. Olha só. Uma vez, ao pegar o carro no posto de lavagem, botei o pé sobre o jornal aberto no tapete. O jornal estava ali para proteger a limpeza recém feita. O detalhe é que a página trazia exatamente a minha coluna. Tive que rir. Ao menos era um jeito de comprovar utilidade…
Bom, mas a mensagem que recebi mostra o valor das coisas singelas e me ajuda a acreditar na importância da comunicação:
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“Primeiro, meus votos de um Bom Ano Novo, que hoje significa, saúde e paz.
“Eu não podia deixar de te escrever, aliás já era para ter escrito antes, mas você sabe que entre Natal e Ano Novo parece que o mundo vai acabar e entramos na roda do agito, dos compromissos que deveríamos riscar da nossa agenda, mesmo só em pensamento.
“Eu queria te falar da tua coluna de 14 de dezembro “Antes do Natal”. Ivete, é incrível, “Antes do Natal” era exatamente isto que acontecia. Eu tinha que limpar a casa inteira, a gente tirava as janelas pesadas, levava ao tanque, gente, quanto trabalho, mas tudo era bom porque vinha o Natal. Os biscoitos, aquilo era uma festa, ficávamos um dia inteiro no calor fabricando nossos biscoitos de tudo que eram formas. Depois vinha aquele merengue maravilhoso que podíamos lamber as sobras. Pois então, eu estou tentando há três anos fazer os tais biscoitos, porque aqui, claro, não tem. Os dois primeiros anos tive que colocar tudo fora, ficaram horríveis. Esse ano fui ao sul novamente em novembro e consegui uma receita da avó da minha cunhada, uma relíquia. Mas com um detalhe, preciso achar o tal sal amoníaco, que aqui ninguém conhece. Aliás chegar numa loja, supermercado e pedir por este nome, a cara do atendente muda (devem pensar que é coisa do demônio….risos). Pois bem, receita na mão, última tentativa, fui numa Casas Pedro, um secos e molhados que tem de tudo e achei o bendito. Bem, para um primeiro teste acho que me saí bem, ainda tenho que encontrar o ponto certo da textura da massa. Já foi um sucesso, pelo menos na apresentação. Mas aí vem outro detalhe, coloquei numa lata e o mais gostoso é abri-la e sentir o cheirinho de Natal. Isso só para quem vivenciou essa experiência de infância, no caso aqui sou eu.
“Outra, todos os anos faço meu presépio, tentando uma mini reprodução do que nós fazíamos. Aí meu Natal fica maravilhoso.
“Conclusão, ser criança sempre foi e será muito bom.”
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Dalva, saúde e paz para ti!
Saúde e paz para todos os leitores!