A luta das mulheres na conquista dos seus direitos foi novamente lembrada em mais uma edição do tradicional encontro das mulheres dos municípios de Arroio do Meio, Capitão e Travesseiro. O evento promovido pelo Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais, em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Cras, Núcleo de Cultura e Administração Municipal de Arroio do Meio ocorreu nas dependências do CTG Querência.
Aproximadamente 650 mulheres comemoraram o seu dia com música, diversão e informação. Marlene Berwanger Grassi, representante do MMTR, iniciou os trabalhos da manhã com um breve histórico sobre o Dia Internacional da Mulher, além de prestar uma homenagem para Sueli Ferrari, que faleceu recentemente. Marlene lembrou que Sueli foi uma mulher de muita coragem, determinação e convicção da luta. “Muitas vezes ela não foi compreendida. Ela foi humilhada porque o espaço que buscava não era de mulher, mas a luta era maior. De agora em diante nós a temos como exemplo de persistência e coragem. Com união e organização, podemos impedir que usurpem nossos direitos conquistados”.
O prefeito de Arroio do Meio, Klaus Werner Schnack, além de parabenizar as mulheres pelo seu dia, lembrou da luta delas para garantir os direitos conquistados nos últimos anos. Agradeceu ainda a dedicação da vice-prefeita Eluise para com as questões referentes à Administração. Em um ato simbólico, Klaus repassou o cargo para a vice, Eluise Hammes, que como prefeita em exercício, assinou a portaria que institui a comissão que será responsável por formalizar o Conselho Municipal da Mulher.
“O 8 de março é um dia em que lembramos toda a nossa história. O ato de hoje, do repasse do cargo, confirma a gestão compartilhada em que homens e mulheres podem cuidar bem do município. Agradeço ao Klaus pela confiança em mim depositada, pois se hoje as mulheres ocupam cargos de importância, é porque alguém batalhou para isso”, enalteceu a prefeita em exercício, Eluise.
Presidente do STR, Astor Klaus, destacou que o 8 de março é mais uma página na história dos 30 anos do movimento das mulheres. “É bom ver que elas não pretendem abrir mão do que conquistaram com esforço e muita luta”. Outra representante do MMTR, Eronita Hammes reforçou que todas as mulheres foram importantes em todos os direitos já conquistados. “Estamos aqui hoje para festejar as nossas conquistas e segurá-las. A luta tem de continuar e não pode parar nunca”.
Também se pronunciaram o prefeito de Capitão, Paulo Scheidt, a primeira-dama de Capitão, Cassiane Lorenzon Scheidt e a primeira-dama de Travesseiro, Claudia Nied. Após, foi realizada celebração ministrada pelos padres Alfonso Antoni e Laudenor Telöken e pelo pastor Valmir Simon.
A programação da manhã teve continuidade com a professora mestranda da Univates, Inauã Weirich Ribeiro, com a palestra “Gênero – do que estamos falando?”. Inauã deu início à sua fala destacando que antes de falar de gênero, a sociedade sempre se preocupou em ensinar as pessoas a serem de um determinado gênero, masculino ou feminino. Frisou que os movimentos feministas que lutam pelos direitos civis das mulheres existem desde o século XIX. “Emergiram em tempos e espaços diferentes e com objetivos específicos para cada contexto. No início do século XX, conforme as mulheres foram conquistando direitos civis, os movimentos feministas e a produção de conhecimento passaram a ampliar e adicionar objetivos”.
Inauã salientou que com o passar dos anos, os movimentos feministas entenderam que as mulheres podem ser de múltiplos jeitos e, inclusive, não precisam ter uma vida unicamente voltada para os homens, maridos, lar. “Nesse momento, passou-se a entender que sexo e gênero são coisas diferentes: sexo é biológico, gênero é cultural”.
A professora destacou também que quando as mulheres quebram o estereótipo, de não serem apenas mulheres do lar, muitos dos homens com as quais se relacionam não compreendem, ou simplesmente não aceitam a independência ou diferença. “Ao tentarem reproduzir um comportamento estereotipado do que é ser homem e o que é ser mulher, muitos homens tentam assujeitar as mulheres com que se relacionam ao que eles esperam que elas façam. Quando a mulher não corresponde a esse ideal, por vezes podem sofrer violências simbólicas de diversas maneiras, porque entendem que por serem mulheres elas devem subserviência.
Para Inauã, esses dados evidenciam de um lado, uma cultura machista e patriarcal que mantém as desigualdades entre homens e mulheres nos espaços domésticos e de trabalho. “A tendência é que esses dados de violência contra as mulheres continuem a aumentar, pois cada vez mais as pessoas entendem seu papel cidadão de denunciar a violência, situação que não existia há poucos anos, principalmente antes da Lei Maria da Penha”.
A programação da manhã encerrou com informações sobre o futuro da Reforma da Previdência, de como ela está hoje e o que pode ser mudado. Os dados foram repassados pelas advogadas Bernadete Lermen Jaeger e Andreia Marchini. As atrações seguiram à tarde com apresentação da Orquestra da Emef Princesa Isabel, apresentação do CTG Querência, tribuna da mulher e palestra com a nutricionista da Prefeitura de Arroio do Meio, Joice Johann Bordignon que falou sobre saúde e alimentação da mulher.