Esta semana foi marcada por uma grande mobilização da Classe Trabalhadora Rural, coordenada pelo Movimento Sindical da categoria, Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul e dirigentes de 319 sindicatos, com o evento realizado na quarta-feira, 15, na cidade de Santa Cruz do Sul, identificado como o 9º Grito de Alerta.
Os organizadores estimam que mais de 12 mil agricultores tenham participado do encontro, que tinha o objetivo de chamar a atenção das autoridades governamentais do Estado e da União e da própria sociedade como um todo, sobre a importância da agricultura familiar. Mas a pauta central tratou das políticas públicas, da possibilidade de perdas de direitos na reforma da Previdência e a favor de uma auditoria da dívida pública.
Na questão das políticas públicas, as principais reivindicações dizem respeito a programas de moradias, assistência à saúde e acesso à educação.
O Grito de Alerta, segundo os líderes sindicais, surpreendeu positivamente pelo impressionante número de participantes, servindo esse ato para demonstrar a força e a disposição do agricultor em lutar por direitos, com a advertência de que, se necessário, promoverão outros encontros no Estado e, inclusive, em Brasília.
PESTE SUÍNA NA CHINA
A retomada deste assunto, que foi objeto de breves considerações na semana anterior, justifica-se pelos reflexos que o mesmo continua causando e pelos novos dados que surgem, na medida em que o tempo passa.
A China tinha um plantel de 684 milhões de suínos. Deste total, 134 milhões já foram acometidos pela Peste Suína e sacrificados. Portanto, houve uma baixa de cerca de 20%. Mas existe a previsão de que, até que a situação seja controlada, a perda poderá alcançar a soma de 200 milhões de cabeças, ultrapassando a casa dos 30%.
A repercussão dessa trágica epidemia chinesa se estende, como já comentei, e o Brasil tomará parte do episódio, na condição de um dos prováveis fornecedores de proteína animal para suprir uma demanda que o país asiático deve enfrentar.
Dados estatísticos dão conta de que, no último mês de abril, os frigoríficos suínos brasileiros exportaram, para a China, um total de 15,9 mil toneladas de carne, número que representa 28% do total exportado. Outras 13,8 mil toneladas foram embarcadas para Hong Kong, para a Rússia foram 3,9 mil toneladas.
Esta movimentação e a consequente ampliação do volume de negócios com a China, logo irá repercutir nos preços da carne suína no mercado interno. Os aumentos poderão chegar a 10 ou 12%. O produtor e as indústrias devem ter os seus ganhos com a crise lá fora, mas o nosso consumidor interno não vai gostar da história.
É importante ainda destacar que as cadeias do frango de corte e da carne bovina devem ser beneficiadas com a situação avaliada. Enquanto apenas três frigoríficos que abatem suínos estão habilitados a exportar carne para aquele mercado consumidor, tem-se em torno de 60 outras plantas industriais, de bovinos e frangos, que estão aptas e enquadradas nas regras rígidas para colocar seus produtos no comércio exigente da China.