O Dia Nacional de Combate ao Fumo foi instituído em 29 de agosto, com o objetivo de reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. Segundo os resultados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), no ano passado, 9,3% dos brasileiros afirmaram ter o hábito de fumar. Em 2006, primeiro ano da pesquisa, o percentual era de 15,7%. A comparação aponta que, nos últimos 13 anos, a população entrevistada reduziu em 40% o consumo do tabaco. Esse resultado reforça a tendência nacional de queda constante deste hábito nocivo para a saúde.
O Sistema Único de Saúde oferece tratamento gratuito para quem deseja parar de fumar. Em 2018, foram tratadas mais de 134 mil pessoas.
Conforme a psicóloga Noeli Zanotelli, de Arroio do Meio, ao tratar-se sobre a abordagem “tabagismo” sempre é importante analisar o que se esconde por traz do hábito de fumar. “Entende-se que ao tratar qualquer tipo de dependência, é de extrema importância entender primeiramente a atuação química no cérebro. A nicotina depois de inalada leva aproximadamente 10 segundos para chegar ao cérebro, assim estimulando a produção de dopamina, que gera a sensação de prazer. A longo prazo, essa liberação é cada vez menor, necessitando que a pessoa fume cada vez mais, tornando-se dependente do cigarro”, explica.
Dessa forma, o cigarro passa a ser, para a pessoa, um grande auxílio nos seus problemas diários. O fumante acha que o cigarro o acalma, mas, na verdade, ele acelera o metabolismo. “Ele é um excitante, que causa reações neuroquímicas no cérebro e dá a sensação de alívio e bem-estar, porque produz dopamina, um neurotransmissor ligado ao prazer”, completa a psicóloga.
A nicotina não provoca mudanças radicais no comportamento, mas desencadeia dependência química e psicológica, já que torna-se uma válvula de escape para aliviar a ansiedade, o nervosismo entre outros sintomas. Além disso, o tabagismo aumenta a probabilidade de doenças físicas, pulmonares, respiratórias, coronarianas, cerebrovasculares, úlceras digestivas e infecções respiratórias variadas. Cabe destacar também, o envelhecimento precoce da pele e a mudança da voz.
A psicóloga salienta que o passo inicial para deixar de fumar é aceitar e entender os malefícios provocados na saúde. Sugere evitar ambientes que tenham fumantes e enfatiza que é preciso desejar e estar motivado a libertar-se do vício. Tudo isto, aliado a hábitos saudáveis na rotina como exercício físico, música, leitura e ter um hobby.
Acompanhamento psicológico
Aliar o tratamento para deixar de fumar, ao acompanhamento psicológico é de fundamental importância para manter a pessoa motivada, evitando possível recaída no estágio de abstinência da nicotina. “O estágio de abstinência pode desencadear irritabilidade, inquietude, depressão, agitação, insônia, ansiedade, alteração de humor e aumento do apetite com ganho de peso. O vício em si revela um vazio. As pessoas viciadas no ato de fumar, carregam algo que queima dentro de si mesmas”, ressalta Noeli, enfatizando que o acompanhamento psicológico entra aqui como uma medida de prevenção, para que a pessoa não busque novamente no cigarro, o alívio imediato.
“Quando decidimos mudar um hábito, é comum passarmos por situações onde a vontade de retomar o comportamento antigo seja muito tentadora. Isso não acontece só com quem para de fumar, mas também com quem precisa controlar a compulsão por comida, por dependentes químicos e por pessoas que passam por questões de controle de impulsos, como jogo patológico e compras compulsivas”, lembra a psicóloga.
Portanto, é importante mapear situações de risco, ensinando a pessoa a lidar com as emoções negativas sem recorrer ao comportamento que deve ser modificado, além de criar outras estratégias para lidar com as situações desencadeadoras do hábito. A prevenção de recaídas é uma das fases mais importantes de todo o processo, já que não se muda um hábito ou uma dependência de um dia para o outro.