Um levantamento do Ministério da Saúde, divulgado recentemente, mostra que o número de obesos no país aumentou 67,8% entre 2006 e 2018. A Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, mostrou que o índice elevou de 11,8% em 2006 para 19,8% em 2018. O Brasil, nos últimos três anos, apresentava taxas estáveis da doença.
A obesidade é considerada uma doença crônica, que tem como característica o acúmulo excessivo de gordura corporal, podendo comprometer a saúde do indivíduo. “O crescimento da obesidade é um problema de saúde pública e um dos fatores que colaboram para o aumento da prevalência de doenças cardiovasculares e diabetes, que pioram a condição de vida e podem levar à morte”, explica a nutricionista especialista em Saúde da Família, Danieli Hergesell.
Segundo ela, o parâmetro mais utilizado para o diagnóstico da obesidade é o Índice de Massa Corporal (IMC), que é o peso dividido pela altura ao quadrado (kg/m²). A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica uma pessoa adulta em sobrepeso, quando esta apresenta IMC entre 25 a 29,9 kg/m² e obesidade quando o IMC for maior ou igual a 30 kg/m². “Porém, vale ressaltar que pessoas com elevada massa muscular, como os atletas, podem apresentar um IMC alto, por isso, é necessário avaliar outros parâmetros, como o percentual de gordura corporal”, ressalta Danieli.
A nutricionista esclarece que existem muitos fatores que podem contribuir para o sobrepeso e a obesidade, citando principalmente a má alimentação aliada ao sedentarismo. “As pessoas justificam sua falta de tempo e correria do dia a dia para consumir mais alimentos ultraprocessados de alto valor calórico e baixo poder de saciedade – poucas fibras – além de passarem horas em frente à televisão ou no celular reduzindo seu gasto energético”, lamenta Danieli, completando que, nos últimos tempos, nunca se falou tanto em dietas e nunca se teve tantos problemas com o peso. “Estamos vivendo um terrorismo nutricional, as pessoas não sabem mais o que comer, vivem se privando do que gostam, restringindo grupos alimentares ou alimentos considerados do mal. O comportamento que temos perante os alimentos se tornou um problema, muitas pessoas desaprenderam a comer de forma natural e tranquila, respeitando os sinais do corpo de fome e de saciedade. Esse pensamento a todo momento na dieta acaba levando a exageros e consequentemente ao ganho de peso”.
Geralmente as pessoas com sobrepeso e obesidade procuram uma fórmula mágica para emagrecer, como alimentos milagrosos, dietas específicas, jejum e acreditam que contar calorias é a solução. Porém, segundo a nutricionista, 95% das pessoas que fazem algum tipo de dieta excessivamente restritiva e rígida acabam por ganhar todo o seu peso de volta, ou mais, ao passar do tempo. “As pessoas precisam entender que nenhum alimento sozinho tem o poder de emagrecer ou engordar; o peso foi adquirido ao longo de suas vidas e não será uma condição resolvida da noite para o dia. O tratamento é a longo prazo com foco numa reeducação alimentar aliada à mudança no comportamento e atividade física”, adverte. Para a nutricionista, também é necessário ter um olhar profissional individualizado sobre cada pessoa, considerando sua história e vínculo com a alimentação. Esta mudança no estilo de vida deve ser tranquila e não pode ser encarada como um sacrifício para que os novos hábitos construídos sejam mantidos ao longo de toda vida.