Amadurecer permite economizar energia. Gasta-se as forças no que realmente vale a pena, deixando o supérfluo de lado. Claro que, às vezes, este preceito é atropelado pela pressa. No meu caso sofro com a ansiedade que me acompanha desde o nascimento. Por isso, desisti de domá-la. Tento conviver amigavelmente com este sentimento de “morrer de véspera” e sofrer com antecedência.
A modernidade cria conceitos que somem com a mesma a velocidade com que nascem. “Indústria 4.0” é um destes modismo que varre os anúncios publicitários que vendem a imagem de novidade. Segundo a Wikipédia, “indústria 4.0 é uma expressão que engloba algumas tecnologias para automação e troca de dados e utiliza conceitos de sistemas ciberfísicos, internet das coisas e computação em nuvem”.
A tecnologia comanda nossa vida. Exemplo surrado é o celular que breve será o único equipamento que vamos utilizar. Seja para localizar o carro no estacionamento, abrir a casa e ligar luzes, ar condicionado ou abrir janelas antes da chegada, mediar as calorias consumidas em uma caminhada ou apenas enviar mensagem e ver a hora.
Há poucos dias um amigo trouxe um celular “de última geração” que, em priscas eras se dizia “o último grito para ficar na crista da onda”. Ele foi a Miami para gastar cinco mil reais. Ao chegar, um colega inspecionou o equipamento e com voz grave sentenciou:
– Coloca logo uma película de proteção. No Brasil não tem como trocar ou consertar a tela em caso de acidente.
As novas gerações já nascem sob o signo “4.0”
o que talvez facilite a adaptação aos avanços
A importação de mais este avanço tecnológico tem, além do custo elevado, pago em dólares, o ônus dos riscos de manutenção. É um comportamento comum de quem prefere exibir-se entre amigos ou através das redes sociais. Gabar-se do poder econômico é tão velho quanto a maçã do Éden. Fazer o que, não é mesmo?
Na comparação com a geração 4.0 me vejo como um Fiat 147 1.0, movido a álcool, subindo um aclive acentuado, tipo a estrada que leva ao Morro Gaúcho, em nossa Arroio do Meio. Já confessei nos inúmeros espaços onde escrevo que busco o equilíbrio entre a tecnologia que, obrigatoriamente, necessito apartando o demasiado usado para exibir-se.
Os filhos e colegas mais jovens são o “SAMU tecnológico”, socorrendo-me sempre que necessário. Algumas conquistas aqui e ali dão ânimo, mas o temor em deletar um texto quase no final geram pânico. As novas gerações já nascem sob o signo “4.0”, o que talvez facilite a adaptação que para nós, jovens há mais tempo, é um desafio diário!

