Sempre fui fã do inverno. Mas atenção, observem, por favor, o tempo verbal: fui! Neste ano… larguei, desisti! Quase sexagenário estou de saco cheio de tanta friagem, de vento e de acordar com 4/5°C, além dos dias de chuva e da onipresente umidade, que exige sobrepor muitas peças de roupa. Teve momentos que me senti igual ao Robocop, personagem que os leitores mais jovens devem procurar no Google.
A aspecto positivo da sucessão de dias enregelados – sempre tem um lado bom em tudo – envolve a compra de roupas pesadas, coisa prática e pouco usual no meu caso. Sou refratário para adquirir, principalmente roupas. Tenho blusões e moletons com anos de uso que insistem em permanecer no armário, embora seja adepto ao desapego de peças não utilizadas por dois invernos consecutivos.
Neste ano fui ao shopping duas vezes e, talvez por intuição ou resultado de impulsos consumistas, me concedi o direito de comprar pulôveres – os colegas mais jovens morrem de rir quando uso o termo –, bem como camisetas básicas e até um casaco mais pesado, pouco mais curto que um sobretudo. Felizmente todas as peças foram usadas várias vezes, o que valorizou o investimento.
Há pouco tempo ouvi de um “incensado meteorologista da praça”, como dizem os colunistas sociais, que as ondas de frio se estenderão até a primeira quinzena de outubro. Ao comentar a notícia com amigos, eles fazem caras e bocas, olhar incrédulo de quem não aguenta mais as oscilações. Talvez pela idade, acredito que nunca tivemos tantas mudanças de temperatura no mesmo dia. Os motivos desta montanha russa certamente renderão muita polêmica e bate-boca. Por isso, deixemos assim.
Neste Estado das “ites”, sobrevivemos à
montanha russa de frio, calor e umidade
A onipresença da umidade e da chuva no RS nos catapultou ao status de “Estado campeão das ites”: bronquite, rinite, amigdalite, artrite, faringite e outras inflamações tão conhecidas da terra gaudéria. Hoje, no elevador, um amigo comentou:
– Como tenho rinite, em vez do inverno me dizer “bom dia” ao despertar… eu faço “atchim”. Aí tenho certeza de onde estou e em que estação estou acordando.
Pela implacável previsão do tempo, a esta hora teremos chuvas esparsas por todo o território gaúcho, depois de uma semana gelada que sucedeu a dias com mais de 30°C. Estive na Expointer há uma semana e padeci ao caminhar por duas horas consecutivas sob um sol de 33°C. No sábado choveu, caiu a temperatura e o vento sul arrastou as nuvens para abrir caminho para uma massa polar.
Já em Brasília, onde reside meu filho, há quase 100 dias não chove. Amanhece com 16°/17°C, à tarde sobe para 23°/24° e à noite volta a cair. Tudo muito seco, com baixíssima umidade do ar, quadro oposto da Província de São Pedro. Enquanto isso, repito uma máxima que resume nossa rotina climática: “Não somos habitantes do sul do país. Somos sobreviventes!”