Esta semana fica marcada por fatos e temas que têm uma relação direta com as atividades do produtor rural, da produção agrícola, em um momento em que foi lembrado o Dia Mundial da Alimentação, quarta-feira, 16 de outubro.
Em novembro de 1979, foi instituída a celebração do Dia Mundial da Alimentação, que sempre ocorre em 16 de outubro. Essa iniciativa foi da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), fundada no ano de 1945.
A Organização das Nações Unidas (ONU), ao celebrar o Dia Mundial da Alimentação, adotou como metas, dentre outros princípios, alertar para a necessidade da produção de alimentos; alertar para a problemática da fome, pobreza e desnutrição no mundo; reforçar a cooperação econômica e técnica entre países em desenvolvimento; promover a transferência de tecnologias para os países em desenvolvimento e encorajar a participação da população rural, na tomada de decisões que influenciem as suas condições de vida.
Estima-se que a população mundial irá ultrapassar, lá pelo ano de 2050, o extraordinário número de nove bilhões de pessoas. E nessa perspectiva de crescimento, a produção de alimentos, a nível mundial, teria que aumentar em 60%, para conseguir suprir as necessidades de alimentos. Talvez seja uma tarefa ou um desafio possível, mas com certeza não será fácil atingir a meta, se considerarmos a realidade atual em que no próprio Brasil, que tem um enorme potencial de produção de alimentos, se contabiliza um expressivo número de pessoas que não têm alimento suficiente para uma vida digna e normal.
Aliás, por falar em produção de alimentos, quero destacar uma informação que foi veiculada em meios de comunicação, nesta semana, falando de desperdício de comida. Diz a matéria que a América Latina e o Caribe são responsáveis pelo desperdício de 20% da comida do mundo, ao mesmo tempo em que a citada região reúne apenas 9% da população global.
Esses dados são abordados pela ONU/FAO, destacando que as perdas ou desperdícios ocorrem depois da colheita e durante o armazenamento, transporte e processamento. Em se tratando de grãos, precisamos destacar que parte das perdas acontece durante o procedimento de colheita. Tem-se conseguido diminuir a quantidade de grãos perdidos, com o aprimoramento das colheitadeiras. Soma-se ainda a precária infraestrutura de estradas e a falta de capacidade de armazenamento em áreas de expressiva produção, fatos constatados principalmente nas vastas regiões produtivas, no centro do País, e até mesmo aqui no nosso Estado, planalto e outros pontos onde as lavouras são extensivas.
Aqui, na nossa região, temos iniciativas exemplares quando pensamos em produção de alimentos, no segmento da agroecologia e produtos orgânicos. A Emater e a Univates são organizações que incentivam pequenos agricultores e a lembrança de grupos e pessoas pioneiras, homenageadas do Dia Mundial da Alimentação, foi um ato justo e adequado.
MANIFESTAÇÃO DOS LEITEIROS
Entidades classistas, representantes dos produtores de leite do Estado, fizeram uma marcante manifestação, na terça-feira, na capital gaúcha. E o motivo principal dos protestos foi contra a aplicação das Instruções Normativas 76 e 77, do Ministério da Agricultura, relativas à qualidade, armazenamento e transporte do leite, desde as propriedades até as indústrias. O movimento reivindica a revogação das normas, enquanto há a informação de que estaria por iniciar um procedimento de fiscalização, verificando o cumprimento da legislação.
Com a acentuada crise do leite com que os produtores convivem desde 2016, mais a vigência das Instruções, que exigem uma série de investimentos e ajustes nas propriedades, estima-se que mais de 30 mil pequenos produtores abandonaram, nos últimos três anos, a atividade, repercutindo em problemas de ordem econômica e social.
A qualificação da produção é importante e necessária. No entanto, acho que as exigências e a aplicação das mudanças estão sendo adotadas em um momento inadequado, quando o produtor está descapitalizado e frustrado, levando-o à desistência.