Heli Rosenbach, que trabalha como empresário da venda de madeira, comemorou na última quarta-feira, dia 15 de janeiro, 30 anos de sobriedade. De sorriso franco e brincalhão, Heli, conhecido em Arroio do Meio e região como “Heli Madeiras”, tem orgulho da sua história e é exemplo para mostrar que é possível sim, sair do vício.
Heli conta que sua relação com a bebida iniciou quando tinha 15 anos. Começou bebendo eventualmente, aos fins de semana, quando participava de festas com os amigos. “Eu trabalhava durante a semana na agricultura e, aos fins de semana, participava de festas, sempre regadas a muita bebida”. Com o tempo, a rotina se estabeleceu e o número de festas cresceu, assim como a vontade de beber. “Alguns anos depois, já estava bebendo durante todo o fim de semana, passando de festa em festa e pelos bares. Chegava a tomar um engradado de cerveja em uma única tarde. E, como se não bastasse isso, com o tempo o meu trabalho foi comprometido, pois bebia diariamente e perdi todos os limites. Não tinha mais hora para beber”.
Diante dessa situação, em 1983, quando estava com 27 anos, Heli foi internado pela primeira vez em clínica de reabilitação. “Minha família viu que eu estava no fundo do poço e me internou na Clínica Pinel de Porto Alegre. Fiz o tratamento direitinho e fiquei sem beber por sete anos consecutivos”.
Após sete anos de sobriedade, depois de muita insistência de um amigo, Heli acabou tomando uma cerveja Malte 90. “Se naquele primeiro dia eu bebi a cerveja preta, no segundo dia, eu já estava bebendo cerveja branca e 30 dias depois, eu já estava novamente fora de controle, bebendo muito e todos os dias”. Novamente, após intervenção de familiares, Heli foi internado no dia 15 de janeiro de 1990 na Central – Centro Regional de Tratamento e Recuperação de Alcoolismo, de Lajeado.
Após 35 dias de internação, continuou frequentando as reuniões, e em 2014, fez festa regada a refrigerante para 230 pessoas para comemorar os 24 anos de sobriedade. “Ao longo destes 30 anos, sempre participei de festas e realizei festas, mas com muito orgulho posso dizer que nunca mais coloquei um gole de bebida alcóolica na boca”.
Heli conta que, ao longo destas três décadas, principalmente nos primeiros anos, foi muito difícil resistir à tentação da bebida. “Como tenho um grande número de amigos e conhecidos e circulo pelos bares, dificilmente passa um dia em que alguém não me ofereça um gole de cerveja ou cachaça. O segredo para manter a sobriedade está em evitar o primeiro gole”.
Heli tem orgulho da sua história. No seu caso, considera as três décadas de sobriedade uma conquista que deve ser compartilhada com alcóolatras e seus familiares para mostrar que existe um caminho. “Hoje, tenho credibilidade. Sou respeitado e tenho palavra, tanto na vida pessoal como nos compromissos que assumo com os meus clientes, que são das mais diversas classes sociais. Faço questão de manter o atendimento pessoal e sei que posso fazer isso porque estou sóbrio. Também preciso lembrar da minha companheira de 25 anos, Luci Maria Winter, que está sempre ao meu lado e é meu esteio na lida diária e na luta contra o alcoolismo”.
Alcoolismo
Alcoolismo é a dependência do indivíduo ao álcool, considerada doença pela Organização Mundial da Saúde. O uso constante, descontrolado e progressivo de bebidas alcoólicas pode comprometer seriamente o bom funcionamento do organismo, levando a consequências irreversíveis. A pessoa dependente do álcool, além de prejudicar a sua própria vida, acaba afetando a sua família, amigos e colegas de trabalho.
O abuso de álcool é diferente do alcoolismo porque não inclui uma vontade incontrolável de beber, perda do controle ou dependência física. O abuso de álcool tem menos chances de incluir tolerância do que o alcoolismo (a necessidade de aumentar as quantias de álcool para sentir os mesmos efeitos de antes).