Se o mundo não acabar até amanhã – sacumé… temos guerra do petróleo, coronavírus e outros fenômenos – a gurizada do Mini Craques se reunirá para comemorar o flamante título de Campeão da Praça, temporada 1979-80. Longe dos videogames, tevês 4K de última geração, celulares cinematográficos e outras engenhocas modernas, naquela época o verão tinha duas marcas: o futebol de salão na praça e os banhos no Rio Taquari.
No meu livro O Tempo é o Senhor da Razão e Outras Crônicas – à venda na Padaria Tudesca e na Casa do Mel (na BR-386) – relato episódios da adolescência ingênua, de boates em salas da residência de amigos e de garagens ou no subsolo do Clube Esportivo.
O campeonato da praça era ponto de encontro. As gurias estreavam shorts e blusinhas. Faziam caras e bocas para se exibir. Já os piás “se achavam”. E quando tinham alguma vocação para o “esporte bretão”, montavam um time. Mesmo que fosse para ser goleado. Mas, o que valia de verdade, era desfilar na áspera quadra de cimento que vitimou inúmeros joelhos.
O Mini Craques foi um time idealizado pelo meu pai, Gilberto Delmar Jasper, que criou o distintivo, tornado realidade através de um amigo que usou o processo silk screen para gravar a marca e o número às costas das camisetas. A primeira camiseta era uma básica da Hering, com filete vermelho da gola e de mangas curtas. A estreia foi no campo do Seminário Sagrado Coração de Jesus.
Amanhã só faltarão as gurias, mas aí
teríamos outros tipos de problema…
Perdi o número de torneios disputados em diversos pontos do município. Era muito difícil ser campeão no mais tradicional campeonato de Arroio do Meio: o da Praça Flores da Cunha. Havia times poderosos, como o Farrapos (do pessoal da Brigada Militar), o Bier Haus (da turma mais velha e “cascuda”) e o lendário The Horse, o mais antigo da cidade.
Na hora da disputa o “bicho pegava”. Todos se conheciam, das festas, confraternizações, do Colégio São Miguel ou Cnec, mas a disputa era renhida. O Mini Craques conquistou apenas um título da praça. Por isso a façanha fez história para nós.
Amanhã estaremos reunidos em São Caetano. A ideia nasceu da troca de WhatsApp que evoluiu para a criação de grupo ampliado aos poucos. Linho Schnorr, Clayton Schuh e Sérgio “Tedila” Kunz (falecidos), Nanico Vanzin (de Lajeado), Zé Gasparotto, Betão Theves, Flavio Rheinheimer, José Henrique de Jesus, Lúcio Bersch, Calete Bergamaschi, Edemar “Peru” e Paulo Berti são alguns que envergaram a gloriosa camiseta do Mini Craques.
Muitos participarão da confraternização. Outros, com compromissos assumidos ou ausentes entre nós, estarão de alguma maneira conosco. Somos um grupo de velhinhos ousados que aproveitou a tecnologia para reunir a galera e recordar os bons tempos. Só faltarão as gurias, mas aí é outra história…

