A falta de chuvas, tão prejudicial para grande parte dos cultivos, favoreceu a safra de mel, que poderá ter um aumento de até 50% no volume colhido das colmeias. A explicação para este cenário favorável, de acordo com o zootecnista da Emater/RS-Ascar, João Sampaio, tem a ver com o fato de, em épocas de estiagem, a floração ocorrer em períodos mais espaçados e não toda de uma vez só, como acontece em situação de normalidade climatológica. Isso contribuiu para que as abelhas fiquem mais livres para a visitação às floradas, com as plantas mantendo suas estruturas mais preservadas, oportunizando uma maior troca de pólen e a consequente reprodução vegetal.
O pólen, além de ser um gameta reprodutivo, é para as abelhas a grande fonte de proteína que estimula sua reprodução, o que também favorece o aumento do número de abelhas nos enxames. Já o néctar é uma substância atrativa, pois possui grande concentração de açúcares, e é a fonte de energia para a produção do mel. Nesse sentido, a estiagem se apresenta como uma situação favorável para a economia de energia das abelhas e para a preservação do alimento para os períodos mais frios.
A apicultora Zilda da Costa, da agroindústria Favo de Mel, de Marques de Souza revela que a perspectiva é de que haja um salto de produção, que deverá chegar à média de 35 quilos de mel por caixa, contra os 25 do ano passado. Apesar da época de covid-19, houve um aumento na procura doméstica, por ser um alimento saudável.
Apesar da grande oferta, a cotação na venda direta (R$ 15) não teve tantas perdas, como o negociado com grupos de exportação, que alegam que o RS e SC são prejudicados mundialmente devido a diferencia de qualidade do mel dos outros países da América Latina. Nos 55 municípios que integram o Escritório Regional da Emater/RS-Ascar, há 945 apicultores produzem mel em 18.941 colmeias.