Resenha do Solano
SOLANO ALEXANDRE LINCK
A pandemia da Covid-19 despertou a união e a solidariedade. A grande maioria das iniciativas é de bem. Mas cabe uma reflexão de pequenas situações pontuais: algumas práticas questionáveis que estavam no alvo da ‘opinião pública’ poderão acabar sendo ‘esquecidas’, porque alguns supostos envolvidos (com imagem desgastada) fizeram coisas ‘muitos boas’, com o ‘dinheiro dos outros’ e até dinheiro público. É preciso lembrar que este mesmo marketing positivo, no passado ajudou a criar uma onda de “bom samaritanismo” com nova roupagem para programas de crédito populares, sendo que até hoje são os trabalhadores que pagam os juros caros – pois ninguém ganhou nada de graça.
Mas, voltando para 2020, segundo analistas contemporâneos, “é humanamente impossível questionar todas irregularidades ao mesmo tempo. Talvez fosse necessária uma lista de prioridades?”, sim.
De fato é preciso fazer uma análise justa. Há muitas pessoas e organizações hoje bem-sucedidas, que foram bastante ajudadas no passado, que não teriam o dever de ajudar. E não há como ajudar a todos com o dinheiro público. É necessária uma convergência de fatores favoráveis e lucidez (conhecimento, círculo de convívio, mercado e apelo social).
A maioria de nós trabalha e tenta inovar. Mas uma minoria ficará registrada nos autos da história. Oportunistas até ganham louros de forma injusta. Show! Como diz a jornalista Renata Souza, a porcentagem de pessoas e iniciativas, que dá certo é irrisória perto do mar de gente que vai quebrar à cara.
A vida é assim. Isso move o mercado. Sem falar que alguns tiram vantagens de falências, da especulação… Entretanto, a mão de obra – incluindo a de iniciativas que não movem tanto dinheiro, mas têm importância social, cultural e alimentícia –, o consumo e votos interessam. São indispensáveis. Têm relação direta com o sucesso dos protagonistas das boas causas. Por isso, toda a sociedade é importante e deve se sentir valorizada, sem deixar a má fama de meia dúzia manchar momentos de superação, e muito menos apagar nossa memória do que fizeram nos verões passados.
PERIGO NO ASFALTO – O setor do turismo foi o mais afetado com a pandemia da Covid-19, sofrendo uma que de 90%. De acordo com entidades internacionais e nacionais, a retomada será lenta, inicialmente pelo turismo local, de forma muito singela. Quem circula pelo interior dos municípios da comarca e outros, já pode constatar o aumento da movimentação de ciclistas, corredores, caminhantes, cavalarianos e trilheiros, inclusive à noite. Muitos estão contemplando novos asfaltamentos. Mas é preciso lembrar, que estas melhorias em infraestrutura atendem inicialmente demandas do transporte de cargas e veículos, e qualidade de vida dos moradores no que tange a poeira. Não estão preparadas para receber este tipo de “turistas”. Nada que não pode ser projetado, ou até feita em contrapartida parceria com os moradores das comunidades beneficiadas.