A manhã da última sexta-feira, dia 5, ficou marcada pela oficialização do repasse do imóvel onde estava instalada a Laticínios Rancho Bello, à Ecofeed. Participaram do ato, o prefeito Genésio Roque Hofstteter, os sócios do empreendimento Fabrício Gasparotto Baioco de Pouso Novo, Marco Hauschild, Luciano de Oliveira e Valdir de Oliveira, de Lajeado, o chefe de gabinete Lasiê Amauri Delazerri, e a secretária de Administração e Finanças, Eloíse Maria Zanatta.
A negociação dá desfecho a uma série de imbróglios negativos – envolvendo a decadência da atividade leiteira e impasses burocráticos – e projeta novos rumos para economia do município. O prefeito destacou o empenho da assessoria jurídica e proatividade do Judiciário, em reaver o imóvel para o município, em tempo recorde, se comparado com outras falências e massas falidas, evitando que o patrimônio se deteriorasse.
A área de 9,3 hectares, situada em Picada Felipe Essig, foi adquirida pelo município em 2011, para a instalação da agroindústria de laticínios. Estima-se que o Poder Público investiu mais de R$ 500 mil com a compra da área e com serviços de infraestrutura para a instalação da antiga empresa, que foi licenciada em 2013. As atividades industriais começaram em 2015, se estendendo até janeiro de 2018. Neste período, também foi necessária intensa articulação burocrática junto à Fepam, para liberação das atividades.
Segundo o prefeito, os representantes da nova empresa se interessaram pelo programa de incentivos que o município oferece, especialmente com a proximidade do imóvel com a BR-386 e o acesso asfáltico. O prefeito ainda destacou os investimentos na geração de emprego e renda, valor adicionado e impactos positivos na economia, feitos durante o mandato. “Quando assumimos a prefeitura em 2017, a Escola Infantil era frequentada por 85 estudantes. Atualmente são mais de 120. Evidencia que muitas pessoas estão interessadas no potencial de desenvolvimento do município”, ressalta.
A Ecofeed vai atuar com o processamento de resíduos da atividade frigorífica, beneficiando vísceras, sangue e penas, fornecendo matéria-prima para fábricas de ração (proteína) e de biodiesel (gordura). O grupo pretende aproveitar a demanda de novos médios e pequenos frigoríficos inseridos no Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf) e Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA), para se estabelecer no mercado, buscando parcerias com frigoríficos maiores, posteriormente. “O Vale do Taquari é a região que mais concentra frigoríficos e está no meio do RS, que favorece a logística”, comenta Luciano de Oliveira.
A previsão é de contração imediata de seis funcionários, podendo chegar a 30 na mesma planta. O investimento inicial em equipamentos e tecnologia chega próximo a R$ 2 milhões. O faturamento previsto para o primeiro ano é superior a R$ 2,5 milhões.
A empresa usará logística própria para buscar a matéria-prima nos frigoríficos, garantindo controle de qualidade e cumprimento de exigências com fornecedores. A indústria também demandará do fornecimento de lenha de comerciantes da microrregião e outros prestadores de serviços indiretos, como distribuidores.
A manutenção do Sistema de Inspeção Federal (SIF) da Rancho Bello é estratégica para conquista do mercado em âmbito nacional e para prospectar missões internacionais, começando pela América Latina. “A venda é certa. No RS temos 16 empresas de biodiesel. Algumas delas têm capacidade de processar mais de 280 toneladas ao dia. Já o fornecimento de proteína está diretamente ligado ao número de fábricas de ração existentes, que não é pouco”, dimensionam.
Os sócios têm mais de 20 anos de experiência na atividade e já vislumbram outra área no município para futura ampliação. “Nossa indústria é modular, trabalhamos com bastante automação. O mercado é promissor. Os resultados vão ajudar a estreitarmos a confiança com a comunidade e buscar novas parcerias com o Poder Público. Temos plenas condições de levar o nome de Travesseiro a ser conhecido internacionalmente”, garantem.
O início das operações irá ocorrer mediante a liberação ambiental, prevista para as próximas semanas.
