Por Vitor Augusto Koch – Presidente da FCDL-RS
É interessante e esclarecedor estudar história, para não repetirmos erros cometidos no passado.
As guerras ocorrem a partir de motivos levianos e distorções da verdade por parte dos provocadores.
No caso atual, nossa guerra, não é contra outras pessoas; e sim para combater um vírus que não tem discurso ou moral: apenas infecta as pessoas debilitando cerca de 14% dos contaminados e levando a óbito ao redor de 4% do total.
Esta seria uma oportunidade inigualável para unir a humanidade em torno de uma causa comum. Contudo, incrivelmente o tal do coronavírus acabou se transformando em um grande protagonista político nas repulsivas disputas por poder no âmbito mundial e nacional.
Estamos perdendo a chance de melhorarmos como civilização e isto está custando milhares de vidas perdidas para o ataque da covid-19 e outras milhões que estão indo na direção da miséria. E este caminho leva a mais doenças, aumento de violência e mortalidade.
Nosso inimigo biológico virou uma arma de homens contra homens. Isto está ocorrendo exaustivamente na política extremista brasileira e o preço a pagar por esta violência já é muito elevado e aumentará o seu custo não só financeiro, porém moral.
A questão fica flagrante quando somos obrigados a permanecer mais de 100 dias em “estado de quarentena” quando quase todos os demais países do mundo já aprenderam a lidar com a situação e estão reabrindo – com o devido cuidado – suas atividades produtivas e de convívio social.
No início da pandemia, mesmo indesejável, parecia razoável algum tipo de isolamento social para que os órgãos públicos se preparassem, em termos de estrutura de saúde apropriada para enfrentar a pandemia.
Entretanto passaram-se os dias, semanas e meses com as lojas paradas ou sem garantia de continuar funcionando, enquanto pouco foi feito pelos políticos estaduais e municipais no sentido de realmente municiar nas devidas dimensões os hospitais com UTIs, respiradores e medicamentos.
Não incluímos o governo federal nesta responsabilização por conta do impedimento do STF de a União intervir diretamente no combate à pandemia.
Mesmo assim, não foram poucos os recursos liberados pelo Ministério da Economia e da Saúde para aliviar os danos à economia, aos trabalhadores e para a própria aquisição de material hospitalar.
No Rio Grande do Sul, temos uma triste contabilidade a fazer: até o último dado disponível (08/07/2020 – fonte: Governo do RS), o Estado registrava 35.557 infectados, dos quais 4.166 necessitaram de hospitalização, com 825 óbitos (mortalidade de 2,3%).
Por outro lado, o cerceamento de funcionamento das atividades produtivas gerou um contingente de 122 mil desempregados entre março e maio (fonte: Caged).
Em uma conta de bodegueiro, vamos multiplicar por três (gerador de renda e dependentes) para chegar a aproximadamente 366 mil pessoas que perderam o acesso à renda no Estado, se não fosse o auxílio emergencial proporcionado pelo Governo Federal, que não deve continuar por muito tempo.
Consternados pelos 825 falecidos, temos 3,24% da população gaúcha que perdeu subitamente acesso à própria renda, além de dezenas de milhares de empresários e profissionais liberais falidos ou impedidos de exercer suas atividades.
Isto, é calamidade pública na história do Rio Grande do Sul. Vemos nas cidades maiores, mais pessoas pedindo comida, dormindo nas ruas e desestruturando, talvez para sempre, suas vidas.
E isto não precisaria estar acontecendo.
Fica cientificamente provado que o uso de máscaras, o distanciamento mínimo de 1,5 metros entre as pessoas e o uso frequente de álcool em gel é suficiente para minimizar as chances de contaminação pelo vírus.
Enquanto isto, o isolamento em residências pequenas, pouco arejadas agora no inverno, aumenta a possibilidade de propagação deste vírus que ataca o sistema respiratório, como acontece em surto gripal.
Moral da história: com as empresas funcionando e respeitando os protocolos preventivos, em conjunto com a proibição de aglomerações (especialmente em transportes públicos…), a progressão de contaminados provavelmente será menor do que a atual, minimizando também o número de óbitos.
A FCDL-RS tem defendido insistentemente este posicionamento. Por vezes parece que estamos sendo incompreendidos, ou não ouvidos pela maior parte dos gestores públicos gaúchos.
A guerra do bem é contra o coronavírus; e não para derrotar os oponentes políticos na próxima eleição através das trocas de culpa sobre o que foi feito de errado.