As cheias desta semana atingiram pelo menos 3.500 pessoas, segundo dados da prefeitura, no município de Arroio do Meio. Pela régua instalada no Balneário, a água atingiu 33,15 metros, 45 centímetros a mais de que em 2001. A de 1941 atingiu 33.91 metros.
Apesar dos alertas dos Centros de Meteorologia desde o último domingo e da administração municipal a partir de terça-feira à tarde, para o início de desalojamento, poucos acreditavam que a água atingiria níveis tão altos. A desolação e tristeza foram grandes. Muitas famílias que residem mais próximas ao rio e em áreas mais baixas, perderam tudo. Roupas, móveis, documentos e pertences pessoais. Um cenário desolador. Outras ficaram ilhadas até que as águas baixaram durante a quinta-feira.
Quarenta famílias foram levadas para ginásios, na quarta-feira, atendendo a protocolos sanitários para não aglomerar demais, por causa da epidemia do coronavirus. Outras 120 famílias procuraram abrigo na casa de parentes e amigos. A Administração Municipal trabalhou com suas equipes de forma intensa e recebeu apoio de voluntários e entidades para amenizar a dor de muitas famílias preocupadas com as crianças, idosos e animais de estimação. Além de máquinas e caminhões da prefeitura, foram de grande valia barcos de pesca com motor e caiaques com remo para socorrer famílias, principalmente na tarde e noite de quarta-feira. Os prejuízos financeiros das famílias em casa, nas lavouras, estabelecimentos comerciais e industriais, ou espaços públicos com pontes, estradas, postes de luz, ainda não foram devidamente calculados. Mas terão que ser base para aprendizagem e, principalmente, referência para autoridades públicas para o socorro financeiro e reconstrução.
Sobre a semana que deixa sua marca na história, observamos que alguns, como sempre, ficam alheios à dor e sofrimento dos mais atingidos. Já em outros, a enchente despertou uma fenomenal solidariedade, desprendimento e superação para ajudar e socorrer com mantimentos, agasalhos ou qualquer tipo de apoio.
Na área central da cidade a falta de luz por mais de 40 horas prejudicou o funcionamento normal de lojas, órgãos públicos e serviços. Atividades essenciais contrataram geradores de luz para dar continuidade aos serviços, mas faltaram equipamentos para dar conta dos pedidos no Vale do Taquari. A contratação de geradores por causa do seu custo, em média, R$ 1.200, reais por oito horas de ligação, também dificultou o funcionamento normal das atividades.
O jornal também deverá circular com atraso, excepcionalmente. Em parte por causa da falta de luz, até que o gerador funcionasse de forma adequada, o que provocou o atraso na entrega dos arquivos para a gráfica. A dificuldade de chegar na casa do assinantes em rotas seguras foi outro motivo no atraso da entrega do jornal semanal para alguns assinantes.