As enchentes dos últimos dias, cujos prejuízos ainda estão sendo contabilizados (móveis, eletrodomésticos, casas comprometidas por causa do solo, bens, lembranças pessoais e produtos de empresas) demonstraram que faltaram informações precisas confiáveis, centralizadas e abrangentes que pudessem ser de parâmetro e orientação segura para a população mais atingida.
As águas subiram muito rapidamente, mas ainda assim, esta falta de informação precisa regional, atuando concomitantemente com os agentes de Defesa Civil de cada município para que pudessem ser tomadas as providências preventivas necessárias, falhou. E, ampliou os prejuízos, cujos impactos serão sentidos por bastante tempo, apesar da fenomenal solidariedade. Clubes de Serviço, entidades, igrejas, voluntários de clubes, consulados, pessoas voluntárias se uniram em torno da causa.
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Neste país continental de Norte a Sul, passando pelo Centro não estamos livres de enchentes, ressacas, vendavais, secas. Disto sabem bem os mais antigos e a história está repleta de fenômenos ocorridos. As políticas de Defesa e Proteção Civil nasceram desta necessidade e no Brasil existem desde a Segunda Guerra Mundial. Foram sendo aperfeiçoadas e denominadas com outros nomes a partir da década de 1960, 1970 com as sucessivas secas do Nordeste. Mas praticamente em todas as décadas, desde então, foram revisadas e ampliadas de modo que a partir dos anos 2000 houve também um estímulo para que em cada município por menor que fosse, tivesse o seu Departamento de Defesa Civil.
Em fevereiro do ano passado, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, em parceria com os estados, reforçou a implantação estratégica das coordenadorias regionais e municipais de proteção de Defesa Civil, bem como suas principais atividades e responsabilidades. Entendemos que, de fato, os órgãos de Defesa Civil nos municípios são importantes pela sua capacidade e conhecimento de levantar e mapear geograficamente os pontos mais vulneráveis suscetíveis a enchentes e secas.
Com acesso maior a recursos tecnológicos, ambientais, geológicos e humanos, do que a décadas atrás, é preciso ir além, nas ações preventivas locais e regionais. Um centro de informações mais precisas, uma legislação ambiental atualizada em relação às construções de áreas de risco, e investimentos em obras estruturantes com finalidades mais afins.
Em Arroio do Meio, a Defesa Civil está criada por lei desde 2013, mas atua há muitos anos centralizada na administração. Já em 2009 foi divulgado um trabalho de mapeamento com base em dados levantados em outubro de 2008, pelo atual prefeito Klaus Werner Schnack, que na época atuava como engenheiro na Secretaria de Planejamento.
Experiência e atuação conjunta
O prefeito Klaus Werner Schnack se valeu da experiência de ter atuado e acompanhado enchentes anteriores e especialmente as duas de 2001, para articular ações e operacionalizar assistência às famílias mais atingidas, principalmente as mais vulneráveis. Além de dividir a responsabilidade com a vice Eluise e com o coordenador da Defesa Civil, Paulo Volk, a grande maioria dos funcionários (Obras, Agricultura, Educação, Cras, Saúde ) trabalharam também no sábado e ou no domingo para dar conta das demandas mais urgentes.
A estimativa é de que pelo menos 750 famílias foram atingidas e muitas tiveram que ser assistidas de forma emergencial. Foram distribuídas cerca de 10 mil refeições, muitas compradas de restaurantes e outras, feitas de forma voluntária por pessoas da comunidade e integrantes da administração, durante os dias de pico da enchente e enquanto algumas famílias não conseguiram ir para suas casas.
Prevenção e preparo
O ex-prefeito Danilo Bruxel em entrevista dada esta semana ao jornal lembrou que esta enchente foi muito maior que as duas de 2001 e que os gestores tem que aprofundar medidas de prevenção, algumas bem simples. Ele entende que a própria prefeitura pode disponibilizar de barco potente, ter coletes de salva-vidas e treinar pessoas para operacionalização e auxiliar de forma segura em situações de alto risco como passar por áreas desconhecidas ( cercas, muros, fios de alta tensão, falta de luz o que aumenta o perigo para operadores e vítimas que precisam ser socorridas.)
Cuidados redobrados para doenças
Com a oscilação de temperatura, frio intenso na semana, cheias, maior exposição inevitável de centenas de pessoas a situações de risco para a saúde, estamos passando por um período crítico e de pico. Precisamos estar conscientes sobre os riscos e manter muito cuidado para evitar Covid-19, estados de gripe, leptospirose e outras doenças decorrentes. O uso de máscaras e outros protocolos como higienização devem ser mantidos. E, a solidariedade continua fazendo muita diferença.