O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deve solicitar à China que retire a suspensão imposta a três frigoríficos do RS, incluindo o da BRF e da Minuano em Lajeado, alegando que as plantas cumprem os requisitos sanitários. As unidades foram desabilitadas a realizar embarques pelo órgão chinês que também faz o controle de mercadorias na aduana. A pressão vem de líderes regionais.
A BRF informa que já está atuando junto às autoridades brasileiras e chinesas, incluindo o Mapa, o Ministério de Relações Exteriores (MRE), a Embaixada da República Popular da China no Brasil e a Administração Geral das Alfândegas da China (GACC), para reversão da suspensão de exportações de carne suína provenientes de sua unidade de Lajeado (RS) no menor prazo possível e tomando todas as medidas cabíveis para restabelecer tal habilitação. A empresa ressalta que, entre os trabalhadores da planta gaúcha, não há registro de nenhum caso ativo da doença. Desde o início do surto de covid-19, em janeiro, a BRF adotou protocolos de saúde e planos de contingência em todas as unidades nas quais tem operação no Brasil e no mundo. Vale salientar ainda que os órgãos chineses já realizaram testes em mais de 50 mil amostras de alimentos de forma aleatória procedentes de diversos países e das mais variadas empresas e nada foi constatado até o momento.
A companhia ressalta a segurança e a alta qualidade de suas proteínas animais fornecidas no mundo inteiro, que estão em conformidade com os regulamentos e os rígidos padrões internacionais de segurança e higiene alimentar.
De acordo com a OMS e outras autoridades de saúde reconhecidas no mundo inteiro, não há evidências de que a covid-19 possa ser transmitida por alimentos ou suas embalagens. Estudos feitos sobre o novo Coronavírus também mostram que a transmissão ocorre de pessoa para pessoa ou pelo contato próximo com pessoas infectadas. Portanto, o reforço de medidas de higiene pessoal, utensílios e superfícies são as recomendações para se evitar o contágio.
Além disso, os protocolos de qualidade da Companhia se baseiam nos cinco pilares de segurança alimentar definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), do campo à mesa. Mesmo neste cenário desafiador em que a Covid-19 atingiu diversos países do mundo, a BRF segue respondendo às novas necessidades globais, elevando os patamares de segurança e qualidade em todas as suas operações – princípios fundamentais e inegociáveis para a Companhia.
Para proteger a saúde das pessoas, a BRF estabeleceu medidas e protocolos. Afastou da operação profissionais do grupo de risco, implantou protocolo de testagem e se mantém vigilante diante de qualquer caso suspeito, adotando procedimentos para evitar a propagação no ambiente de produção. Estas medidas fazem parte de uma série de ações protetivas coordenadas por um comitê criado especificamente para combater a covid-19 em todas as unidades da BRF no país e também foram adotadas em Lajeado para garantir a saúde, segurança e integridade de toda a cadeia operacional, do campo ao consumidor.
PRESSÃO POLÍTICA E ECONÔMICA – Extraoficialmente, a alegação sanitária tem sido uma manobra chinesa para pressão comercial e política contra o Brasil, para barganhar preços. Entretanto, a presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Cíntia Agostini, observa que em muitos locais do mundo ocorreram registros de covid-19 em frigoríficos, porém, sem notícias de embargos comerciais. Por isso, entende que o assunto precisa ser resolvido politicamente.
Segundo Cíntia, o setor está sofrendo vários reveses desde a estiagem e regularizações sanitárias e na saúde do trabalho, que interferiram nas jornadas e capacidade de abate. A suspensão nas exportações pode resultar em um menor quadro de colaboradores e integrados na cadeia produtiva, além de forçar a queda da remuneração por lote. “A região tem apoiado as empresas e buscado aporte nos ministérios e relações internacionais, e mediado impactos juntos aos compradores”, esclarece.
O gigante asiático é um dos principais destinos das vendas externas da proteína animal produzida no Brasil. A Companhia Minuano de Alimentos preferiu não se manifestar a respeito do assunto.