Depois de obter 65 vitórias em 84 lutas, em 2019, e diversos títulos expressivos, Eduardo Friedrich, 36 anos, o Gigante, morador de Rui Barbosa, manteve o bom desempenho nos tatames durante a pandemia. Apesar das competições e treinamentos de jiu-jitsu reduzidas, conquistou o Bicampeonato Sul Brasileiro e o Campeonato Gaúcho em 2020.
O ano atípico não foi considerado tão negativo para o lutador, que aproveitou a desaceleração da rotina para buscar melhor organização e qualificação, incluindo cursos para dar aulas de jiu-jitsu para atender, inclusive, crianças portadoras de necessidades especiais como o autismo e síndrome de down.
Friedrich também buscou otimizar sua atuação enquanto professor e gestor. Além das aulas no Centro de Referência em Assistência Social (Cras), trouxe para a região filiais da academia Alliance Jiu-jitsu, uma das principais instituições do mundo de artes marciais, que possui 300 escolas em 22 países.
A unidade de Arroio do Meio já está funcionando no subsolo do Salão Paroquial, no Centro, com aulas nas segundas, quartas e sextas-feiras, e em Lajeado de segunda a sexta-feira. O foco são as crianças e adolescentes com idades entre três e 14 anos. “É um ambiente que permite um atendimento mais exclusivo e direcionado. O jiu-jitsu talvez seja a modalidade menos violenta, sem chutes e socos, baseada no movimento dos animais. Nossa metodologia busca desenvolver primeiramente a defesa pessoal, o equilíbrio e coordenação motora, promovendo disciplina, empatia, autoconfiança e movimentos de luta com mais naturalidade. Saber cair, rolar, dar cambalhotas, se desvencilhar de alavancas e explicar o movimento por trás de cada golpe”, revela.
As aulas têm 45 minutos de duração, com grupos de até oito alunos. Os cinco minutos iniciais e finais serão direcionados à interatividade. O objetivo principal do treinamento serão circuitos físicos, disciplinares e golpes, divididos em 35 minutos, considerados ideais para atividades de concentração envolvendo crianças e adolescentes. “Em três meses já é possível constatar evolução, principalmente na disciplina e organização”.
Friedrich, que é uma referência regional nas artes marciais, frisa que na academia o mais importante é a felicidade e desenvolvimento pessoal dos alunos. “Só vão competir e lutar se estiverem a fim e se a família autorizar. A pressão excessiva não é saudável. Lembrando que são necessários, pelo menos, 18 meses de treinos antes de uma primeira luta […] buscamos trazer os alunos para o mais próximo da realidade e esclarecer que a evolução não é tão rápida como em filmes, que muitas vezes mostram coisas impossíveis, como voar e destruir paredes”, afirma.
A mensalidade custa a partir de R$ 80. “O ideal é que os alunos façam de duas a três aulas semanais. Uma boa base na juventude é fundamental para qualquer modalidade esportiva”, afirma. Além das aulas para crianças e adolescentes, Friedrich mantém um horário para mulheres e outro masculino para iniciantes. Fora da academia segue atuando na Dipanos, produtos personalizados, que entre outros artigos desenvolve vestuário para o jiu-jitsu.
Uma das metas enquanto lutador é conquistar a faixa preta em até quatro anos. No momento Friedrich compete na faixa roxa, antepenúltima categoria antes da preta. No próximo domingo, dia 28, ele terá a oportunidade de trazer o 10º título Gaúcho para Arroio do Meio, pelas categorias Master 1 Pesadíssimo e Absoluto.
Friedrich iniciou a carreira em 2012. Ele chegou a pensar em desistir após sofrer uma fratura no braço, numa de suas primeiras lutas, mas o apoio de familiares e colegas foi importante para dar a volta por cima. “A arte marcial é maior que pequenas adversidades. As medalhas só têm sentido quando se pode fazer algo pelas próximas gerações”.

