Com o aumento de casos de covid e o colapso que a saúde tem entrado em todo o estado, voltou à pauta o debate sobre as aulas presenciais ou remotas. Na semana passada, o governador Eduardo Leite declarou que a Educação Infantil, assim como primeiros e segundos anos, poderiam ter aulas presenciais, assunto que resultou, em ação movida por Cpers e Pais e Mães Juntos Pela Democracia, pedindo a suspensão das aulas. A justiça deu parecer favorável ao sindicado e negou recurso do estado.
Nesta semana, a convite do Palácio Piratini, o Cpers participou na terça-feira, 2, do Ato de Reforço do Pleito de Antecipação de Vacina aos Professores, realizado por meio virtual. A reunião oficializou o envio de um ofício ao Ministério da Saúde para priorizar a vacinação da categoria no cronograma nacional de imunização. No entanto, no mesmo dia, a proposta foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro. Nesta semana, Cássio Ritter, que compõe a Direção Central do Cpers esteve na região para se inteirar da situação que o vale se encontra. Confira entrevista exclusiva dada ao AT:
AT – Como o Cpers vê a situação volta às aulas/pandemia neste momento?
Cássio Ricardo Ritter – Nesse momento de bandeira preta e com UTIs superlotadas e com falta de vagas e hospitais não tendo mais como atender os doentes, não só da covid, achamos que é uma irresponsabilidade voltar às aulas presenciais. Por isso que o Cpers junto com os Pais e Mães Juntos Pela Democracia entraram na Justiça, para impedir que os primeiros e segundos anos voltassem. São crianças pequenas, com dificuldade de usar máscaras, enfim, é muita irresponsabilidade de um governo que tem que preservar vidas e garantir as vidas das pessoas. Porque as crianças são mais imunes a essa doença, mas e os professores? As crianças são vetores e podem contaminar esses professores, funcionários e essas direções de escola. Então, neste momento, vamos esperar passar essa fase da pandemia, para podermos retomar as aulas. Nós queremos voltar às aulas presenciais, mas com muita segurança. Todos defendem suas vidas. Então apelamos pelo bom senso do governador, dos prefeitos, dos donos de escola particular, que revejam suas posições, porque esse momento está muito difícil. As escolas já estavam fechadas há mais de um ano, podemos esperar mais um pouco. Se sabe dos prejuízos pedagógicos, mas temos que, agora, ver o que é mais importante.
AT – A ação civil pública movida em conjunto com a AMPD pede apenas pela suspensão ou traz ainda alguma outra reivindicação?
Cássio Ricardo Ritter – A ação movida junto com os Pais e Mães Pela Democracia foi só a suspensão das aulas presenciais. Nós estamos em campanha financeira, que a gente disparou nas mídias. Mas quanto ao processo, só as aulas presenciais, que a gente entende que nesse momento não dá.
AT – Com ambos períodos coincidindo, o início do ano letivo, a bandeira preta devido à situação da covid no estado, o que sindicato vê como a melhor alternativa para a educação?
Cássio Ricardo Ritter – Nós defendemos a continuação do ensino remoto, não queremos perder o vínculo com nossos alunos. Estamos voltando dia 8, teoricamente teríamos início das aulas. Nós queremos, sim, retomar remotamente esse contato com os nossos alunos e depois, quando for possível e tivermos condições sanitárias, testagem, que é o que o sindicato está pedindo, nós retornaremos com todos os cuidados.
AT – O estado recorreu da decisão da Juíza e o recurso foi negado. Mas, conforme a manifestação do Piratini, a possibilidade de atividades presenciais para educação infantil e para os dois primeiros anos do ensino fundamental estava “embasada na segurança sanitária obtida nas escolas a partir de rigorosos protocolos.” O que o sindicato avalia sobre essa situação?
Cássio Ricardo Ritter – De repente as escolas particulares têm condições de retomar as aulas presenciais dos pequenos, mas as escolas públicas estaduais acho muito difícil. Inclusive, em Lajeado, tem uma escola que não tem banheiro. Eles têm de usar o banheiro num prédio ao lado da escola. Não temos condição nenhuma. Há uma outra escola em Capela de Santana, que funciona no porão do salão paroquial, porque em 2014 derrubaram a escola com a promessa de fazer uma nova, que até hoje não saiu. E tem muitas escolas, por exemplo, onde as janelas não abrem, não têm ventilação não têm ventilador, falta RH de funcionários da escola para fazer higienização, enfim. Então isso não é verdade, o governo não preparou as escolas devidamente como deveria ter feito. Teve um ano para fazer isso e não fez.

