Mais de 2,5 toneladas de peixe foram comercializadas na Feira de Peixes da Semana Santa em Arroio do Meio, que retornou após o cancelamento em 2020, devido à pandemia da covid-19. O volume de peixes comercializados foi considerado satisfatório para o secretário de Agricultura, Élcio Roni Lutz, que reiterou que todas as medidas de distanciamento seguro e sanitárias foram seguidas à risca no evento.
Lutz revela que possivelmente esta foi a última feira que teve limpeza de peixes nos moldes artesanais. A expectativa é de que, até o fim desde mês, o município contará com container e os equipamentos que vão compor o abatedouro de peixes móvel, que já foram licitados e estão sendo confeccionados por uma empresa especializada, de Curitiba. O investimento inicial supera os R$ 51,7 mil.
O container tipo reffer, de 20 pés, conta com transformador 15 kwa, é revestido em inox de alta qualidade, conta com unidade refrigeradora, podendo operar em 220v, 380v e 440v, com controle de temperatura digital entre + 30 e -30 graus.
Sua estrutura é de aço naval, com unidades de refrigeração em uma das extremidades e portas duplas na outra. As laterais, tampos e portas serão confeccionados em painéis duplos de aço inoxidável, com isolamento térmico com poliuretano de alta densidade, de 80mm. Suas dimensões externas são de 6,06 x 2,44 x 2,59 m, com peso de 3,2 toneladas e portas duplas 2,28 x 2,57m com sistema de travamento de segurança. O consumo de energia é de 6,52Kw = 8,5kwa, e conta com auxílio de transformadores. A cubagem é 26,5 m³.
Entre os equipamentos, mesa fixa com cubas de escamação e evisceração e lavagem, e mesa fixa com faca para filetagem, além de armário de embalagens e cinco prateleiras bipartidas. Tudo em aço inoxidável 304.
Segundo Lutz a máquina de gelo será comprada numa segunda etapa, pois ocorreram imprevistos com inflação dos preços, que levaram a adequações no projeto. O processo licitatório já foi aberto. A expectativa é de que esteja disponível em até três meses.
Tendências e novas oportunidades de mercado
O ex-secretário de Agricultura, Eloir Lohmann revelou que a demanda surgiu devido à dificuldade de comercialização de peixes em feiras de barranco para o público urbano, que não tem espaço, para descamar, desviscerar e limpar os peixes de grande porte em suas residências. Lembra que alguns piscicultores até tinham mesas de inox, mas muitos outros apenas mesas de madeira, com processo de limpeza mais artesanal. “Sabemos que todos tomavam os melhores cuidados possíveis, mas quando se trabalha com consumidores é preciso se profissionalizar”, salienta.
Ainda em 2017 a secretaria da Agricultura adquiriu uma mesa de inox com duas cubas e peneiras para ser transportada até as propriedades em cima de uma pick-up. Entretanto, ainda estava em desconformidade com a legislação. “O abate de animais exige o cumprimento de normas, etapas e processos produtivos, fiscalização e documentos. Vimos que construir um abatedouro seria complicado. Outros municípios, como Capitão e Roca Sales estão tendo muitas dificuldades. Pensamos em algo mais prático, que poderia ter sido levado para as propriedades com um guincho. Com todos os processos do abate num container, incluindo a saída para o esgoto, é possível atingir uma segurança alimentar superior aos navios pesqueiros, que passam dias navegando até os processos industriais. O ideal será treinar equipes em diferentes comunidades”.
Após a despesca, os peixes passam por um processo de desensibilização numa água fria, são descamados, desviscerados. Podem ser cortados em postas, manta, filés e iscas, e embalados a vácuo. “O que não for comercializado nas feiras de peixe das propriedades poderá ser vendido na Feira do Produtor, ou comercializado no varejo, pois com este processo é possível emitir notas fiscais. Pela logística curta, a tendência é que tenham qualidade superior ao peixe que hoje vem de fora”.
O principal legado do abatedouro móvel, segundo Lohmann, é permitir uma organização melhor das feiras e a profissionalização da piscicultura. Hoje apenas 60 dos 240 açudes existentes realizam feiras. “É um trabalho de longo prazo”.





