“Mãe. Advogada. Leio livros, vou a lugares. Advogo. Como coisas gostosas. Divago! Viajo externa e internamente. E, às vezes, me visto legal.” Com essa descrição, a garibaldense Caroline Magagnin abre um pequeno universo em sua página no Instagram para diferentes experiências – com fotos e relatos delas – e mostra a seus seguidores dicas que vão além de simples conceitos. Seja na moda, na gastronomia ou na decoração, a intenção é aceitar, desconfigurar, como ela mesma define, e pensar de forma profunda sobre a beleza da vida.
Hoje com a 10,6 mil seguidores e 2,9 mil publicações, Carol é uma influenciadora digital (influencer). Sua página conta com parcerias que surgiram naturalmente, conforme foi mostrando um pouco mais da mãe, da profissional e da mulher que é. “Sempre fui uma pessoa que adora dar dicas, sempre gostei de informações de moda, de leitura, e o insta foi uma forma de mostrar,” conta.
A popularidade da página @carolinebmagagnin foi crescendo de forma totalmente orgânica, sem precisar promover nada. “As pessoas diziam: a Carol tem dicas disso, dicas daquilo, e a página foi tornando-se popular”, explica a advogada, que mora em Arroio do Meio desde 2011.
Casada com o também advogado, Leandro Caser, Carol é mãe de Maria Clara, 10 anos e Antônia, 8 anos. Sua história na internet começou no Facebook, com o Mamãe Tem Blog, onde escrevia sobre as vivências da maternidade. “Eu fazia os textos em forma de blog, postados diretamente na rede social. Depois, migrei para o Insta, permanecendo com o mesmo nome na página, mas esta rede não permite muito texto, ela é muito mais visual”, descreve. A partir daí, notou que seu próprio perfil na nova rede social começou a ter muito mais público e interação. “Minha página pessoal foi crescendo, com dois, três, quatro mil seguidores, surgiram então as tais das parcerias, foi então que pensei: bora levar isso mais a sério”.
Já são três anos de Instagram. Semanalmente há dicas de leitura, há postagens de composição de looks e ideias de decoração. A família é total apoiadora de Carol nas suas criações. Tanto é, que estampa muitas das imagens que acompanham as postagens. “Minhas filhas não têm Insta, até porque são crianças, mas adoram participar e isso é muito bom, é um novo olhar de como é a sociedade. Nós não crescemos com as redes sociais, mas as crianças de hoje são diferentes”, observa, refletindo que o universo digital faz parte da vida de todos e que as crianças têm naturalidade para isso.
Uma mulher real ajudando outras pessoas
Mostrar-se de forma verdadeira na rede social é muito importante para Carol. Ela faz isso como maneira de ajudar quem a segue e isso lhe faz bem também. Em postagens mais específicas, a influencer abriu-se trazendo assuntos, que para alguns podem ser mais íntimos, mas que ainda são tabus na sociedade contemporânea, necessitando de mais debate e desconstrução. São exemplos o bulling, a síndrome do pânico, os padrões de beleza, a vida perfeita dos outros nas redes em comparação com a realidade. “Temos que postar o que nós somos mesmo, as complexidades da alma. É a aceitação, a beleza do percurso. As coisas têm uma história para ser respeitada”.
A influencer considera importante desconfigurar. “Procuro mostrar para as mulheres – público que forma a maioria dos seguidores da página –, que elas podem ser tudo o que quiserem, que não há problema em ter vulnerabilidades e que isso é supernormal”.
Além de tudo isso, a página sempre traz dicas de decoração, beleza, cultura, do cotidiano, de autoestima e dos direitos das mulheres. “São demandas, na sua grande maioria, femininas. E me sinto muito grata quando recebo retornos do tipo ‘não penso como você, mas concordo contigo nesse assunto’, ou, ‘me inspirei em você’”, exemplifica. A aceitação de quem se é, a autorresponsabilização de cada um nas redes sociais e a maturidade são valores imprescindíveis.
Assim como qualquer página, Carol também precisa lidar tanto com mensagens positivas, como com negativas. Os haters existem, mas não são motivo para deixar seus objetivos ou integrar a questionada cultura do cancelamento. Em uma ocasião em que ficou muito chateada devido a isso, pensou em desistir da rede social. Naquela oportunidade, uma amiga lhe deu o melhor argumento para evitar que saísse. “Disse: Carol o teu texto é uma disrupção, tu foges de todos os estereótipos”, referindo-se aos assuntos que aborda e posturas que mostra, frente às ideias de senso comum que acabam ligando pessoas a imagens generalizadas e sem muito sentido.
Hoje o maior volume de acessos da página vem de usuários da rede de Lajeado, Arroio do Meio e Garibaldi, onde Carol já carregou a faixa de rainha da cidade. A página não tem finalidade de ser uma fonte de renda, tudo que a influencer faz ali é com o propósito de mostrar às seguidoras que deve-se encarar a vida e as redes sociais sendo quem se é, que é normal ter dias bons e dias ruins e que isso é próprio do ser humano. “É importante a autorresponsabilização de cada um nas redes sociais, os números podem ser importantes, são chaves, engajamento. Mas é importante também perceber que se alguém te faz pensar que tu não é legal ou não te faz sentir bem, te deixa infeliz, tu tens a opção de deixar de seguir”, conclui.