As pessoas passam e a história fica. No momento em que o município completa 33 anos de emancipação, isto se comprova no setor do comércio, onde algumas famílias praticam esta atividade há quase 100 anos, com passagem de pai para filho. As marcas estão nas famílias Buffé, Cella, Paludo, Pretto, Gotardi e, num período mais recente, com a família Degasperi. Outras pararam no tempo, deixando até os dias atuais, sinais de seus pontos comerciais como o caso da Ferraria Mariani e do Moinho Colonial de Heitor Parise.
Um destes pontos, talvez o mais antigo, é dos Cella, que mantêm uma casa comercial na entrada da cidade sob o comando de Iria Cella e, agora, mais diretamente, por seu filho Rudimar. Segundo relatos, o patriarca comercial teria sido Angelo Cella, que depois ampliou seus negócios a partir do filho Ernesto Cella, avô de Rudimar. O carro chefe sempre foi abatedouro e comércio de carne, que teve continuidade com Ernesto e mais tarde com seu filho Nico Cella, pai de Rudimar. Estima-se que os Cella iniciaram com pequeno comércio (bodega) há um século. Mesmo não tendo uma data exata, calcula-se que a atuação dos Cella iniciou por volta de 1920. Iria lembra que está no comércio há 50 anos.
Outra história se registra com os Paludo, tradicionais na compra de gado e comércio de carne. O negócio teria começado com Ernesto Paludo, que abriu um abatedouro nas cercanias de Pouso Novo, há mais de 70 anos, num prédio que resiste ao tempo. A atividade teve continuidade com os filhos Luiz e Armindo que investiram em melhorias com novas construções. Armindo, que teve passagem como vice-prefeito, hoje com 74 anos, mantém a tradição dos Paludo com invernada de gado e um pequeno açougue e minimercado instalado ao lado da BR-386, junto ao trevo de acesso à cidade de Pouso Novo.
A família Buffé, que mantém uma casa comercial com secos e molhados, gêneros alimentícios, ferragens, material de construção, eletrodomésticos, roupas e tecidos, inclusive com venda em metro, além de outros ítens de necessidade da população, na entrada da cidade, sob a administração de Nico Buffé, escreve uma história de 80 anos no ramo de transporte com compra e venda de produtos coloniais. O começo aconteceu com João Guerino Buffé, que veio de Pilão Alto, hoje município de Coqueiro Baixo, para se instalar em Arroio do Leite em 1942, num ano que registrou uma terrível estiagem, como lembra o filho Adilvo Buffé. Guerino, se destacava na compra e transporte de feijão, milho e de cargas de suínos, que eram levados para o Ardomé, em Arroio do Meio. Depois de 30 anos instalado em Arroio do Leite, no início da década de 1970, Guerino se desfez do ponto naquela comunidade, que foi assumido por Genuíno Gotardi, e investiu na compra do atual prédio, adquirido em leilão público junto ao Poder Judiciário. Amtes, este pertencia a uma sociedade, que foi transformada em cooperativa por descendentes Bischoff e de Chico Knapp.
O comércio de Pouso Novo também lembra até os dias atuais a família Pretto. Vindo de Putinga, o começo comercial aconteceu com Cirilo Pretto, que construiu o atual prédio onde está o Comércio Buffé. Mais tarde, Cirilo investiu na compra de terreno e construção de casa comercial em alvenaria, onde atualmente estava instalado o Sicredi. O negócio evoluiu junto com o ramo de transporte, também com compra de mercadorias da agricultura. A atividade foi continuada pelos filhos Marcos e, por último, somente por Reinaldo Pretto, que manteve o bar e mercado até 2003. A tradição dos Pretto é mantida por Beto Pretto, que continua com um mercadinho e junto com seus irmãos também atua com o ramo de transporte.
A única família que ainda possui uma casa comercial funcionando no interior de Pouso Novo é a Gotardi. Prestes a completar 90 anos, Genuíno Gotardi, que teve suas origens na roça, iniciou atividades de comércio em Arroio do Leite entre 1971 e 1972, seguindo com as portas abertas, ainda hoje em Picada Taquari, ao lado da BR-386. O ponto que foi adquirido de Arnesto Paludo, em 1975, conforme lembra a esposa Odila Gotardi, 84 anos. Com serviço de bar e venda de gêneros alimentícios, roupas, ferragens, eletromésticos, material de construção e serviço de transporte, a casa é administrada pelo filho Enio e a nora Geni, que não esconde as dificuldades de manter aberto um comércio no interior diante das muitas exigências legais que são impostas pelas autoridades.
Já numa época mais recente, e com ramo totalmente diferente do tradicional praticado desde o século passado em Pouso Novo, Luizinho Degasperi, investiu na instalação de um restaurante e churrascaria ao lado da BR-386, em Alto Pouso Novo. As atividades iniciaram em 1981. São exatos 40 anos que se mantém no ramo da gastronomia, revelando neste período o seu empreendedorismo. Junto com seus filhos Fabiano e Fabrício, Luizinho investiu na construção de um hotel ao lado do restaurante e, mais recentemente, na instalação de um posto de combustíveis.