A primeira vez que ouvi falar em construir uma estátua gigantesca em Encantado não entendi bem. Como? Por quê? Quanto vai custar a empreitada? Mas, com tantas carências, não seria melhor investir o esforço em outra área?
Pensei também que, enfim, se quiséssemos ter uma estátua, bem podíamos ser mais criativos. Em vez de imitar aquela já existente no Rio de Janeiro, devíamos produzir algo diferente. Inovar não é a palavra do momento? Não é nisso que todo mundo fala agora? Pois, então!
Bom! Como os fatos se encarregaram de mostrar, eu estava redondamente enganada.
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Nas últimas semanas passei algumas vezes pela estrada que desce da Lagoa da Garibaldi e… nossa! é um impacto e tanto. A vista é sensacional! Simplesmente sensacional! Montanhas verdes e na mais alta delas uma figura imponente, os braços abertos. A estátua ainda está rodeada de andaimes, mas já captura a atenção.
Impossível não sentir a força da grandeza.
Difícil não se comover.
Fico imaginando como será depois, quando for possível chegar ao pé do Cristo. Quando for possível tomar o elevador interno, atingir alturas bem maiores e alargar o campo de visão para espaço ainda mais amplo.
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Além do impacto visual que o Cristo e a paisagem propiciam, existe outro aspecto. Na pedra da estátua fica embutido um valor simbólico. Em muitos momentos desta vida, todos nós nos sentimos desprotegidos. Ansiamos por alguém que esteja a cuidar de nós. É isso. Ficamos velhos e continuamos querendo ter o pai zeloso, que nos livra de todo o mal, amém. Podemos invocá-lo em espírito e o fazemos, mas somos humanos e gostamos da concretude. A figura de um pai concreto ali no alto da montanha nos acalma e encoraja.
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Semana passada, parei o carro embaixo, para testar a vista que se tem daí. Uma guria estacionou ao lado e eu puxei papo. Ela contou que viera de Porto Alegre. Sozinha, viera de Porto Alegre especialmente para ver o Cristo. Estava achando lindo. Melhor que imaginara. Em certo ponto queixou-se da falta, ali por perto, de um restaurante: comida boa e sabor local. Ficamos olhando ao redor. A área está meio desorganizada ainda. Não tem jeito de lugar turístico. Mas terá. Nós duas concordamos. Este é o próximo passo. Daqui a alguns meses a conversa vai ser outra.
Combinamos de voltar lá pra conferir a paisagem no fim do ano. Negócio fechado! Meio a sério, meio à moda brasileira, marcamos de continuar o papo em dezembro próximo. Vamos ver.
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Enquanto isso, aplausos para os visionários, para os corajosos da primeira hora. Agora ficou fácil achar bonito e achar bom. Tiro o chapéu para quem acreditou desde o começo. Honra ao mérito!