A colheita de soja da safra 2020/2021 está adiantada na região. Se na temporada passada a seca histórica afetou a produtividade, neste ano, o clima e a alta do dólar, combinados com a balança comercial favorável, colocaram a commodity em uma cotação histórica, superior a R$160, com recordes nas bolsas de valores no mundo inteiro.
De acordo com o técnico agrônomo da Emater/RS-Ascar de Arroio do Meio, Elias de Marco, a soja que foi plantada no fim de outubro e início de novembro sofreu um pouco mais com a estiagem do fim da primavera e rendeu 50 sacas por hectare. Mas, a soja plantada depois da estiagem rendeu em média 70 sacas por hectare. Lembrando que, em 2020 a média foi uma das piores da história chegando a apenas 31,4 sacas por hectare. O preço da saca em comparação com o ano passado, praticamente dobrou. Passou de R$ 75/80 para mais de R$ 160. Já o custo de produção aumentou entre 20% a 30%.
Outro ponto positivo foi a baixa incidência de pragas, ferrugem asiática, fungos e doenças em geral. “Os grãos estão bonitos e serão bem classificados, pois concentram mais óleo vegetal”. Assim como em todo o país, a área plantada no município também aumentou, passando de 1,1 mil para 1,2 mil hectares. Como o clima ajudou, mais de 85% da área já está colhida.
De Marco acrescenta que existem variedades precoces de soja no mercado que possibilitam um plantio mais tardio, em janeiro, depois da colheita da silagem de milho.
A tendência é que para a próxima temporada, o custo de produção mantenha se estável. Um dos efeitos colaterais é o aumento do custo da ração animal, que eleva o preço de derivados de leite e proteína animal. “Nunca mais haverá preços baratos. As integradoras precisam da matéria prima e estão garantindo preços aos produtores. Tanto é que metade da soja já estava vendida de forma antecipada por R$ 120”, explica.
O produtor Robson Augusto Steffens, 27 anos, de Forqueta Baixa, alcançou uma média de 70 sacas por hectare nos 25 hectares destinados à soja na propriedade. Além disso, ele plantou 120 hectares para terceiros. A safra foi considerada a melhor ao longo de sua trajetória de nove anos no segmento. Os grãos estão estocados no silo da Cooperativa Rural dos Vales (Cooperval) e devem ser negociados quando a saca estiver próxima de R$ 200, conforme informações ligadas à cotações da balança comercial.
Além da produção de grãos e bovinocultura de leite, a família Steffens é especializada na prestação de serviços. Apesar do alto custo e investimentos em tecnologia, Robson avalia que a inovação é positiva, pois existe sucessão rural na propriedade. “Melhor investir de forma contínua do que parar no tempo. Se esperar 15 anos, o custo pode ser o dobro”.
A prestação de serviços é considerada pela família uma forma de diversificar a renda da propriedade, além de oferecer serviços diferenciados. Robson constatou que a alta no dólar já elevou o preço das máquinas e implementos, e a covid-19 atrasou a entrega de maquinário novo, o que não reflete na manutenção.
Apesar da cotação histórica, Steffens está cauteloso com relação à próxima temporada, sobre o aumento das sementes, adubos, insumos e manutenção em geral, além da manutenção do maquinário. Robson toca a propriedade com os pais Jandir, 52 anos e Iria, 47 anos, e os irmãos Rodrigo, 23 anos e Raquel, 19 anos. Cada um foca em atividades diferentes.
Em Travesseiro, de acordo com a Emater/RS-Ascar, dos cerca de 225 hectares de soja, 85% já foram colhidos. A média por hectare chega a 65 sacas.
Em Marques de Souza, de acordo com a secretaria de Agricultura, mais de 60% dos 300 hectares cultivados, já foram colhidos. A média por hectare está em 60 sacos.
Em Capitão, apenas foram plantados 2,5 hectares, em uma única propriedade. De acordo com a Emater local, o foco das lavouras é cultivo de milho silagem.