Segunda-feira viajei a Lajeado para um compromisso presencial. Três dias antes já estava eufórico diante da possibilidade de sair de casa para uma distância maior que dois quilômetros de casa. Foi o primeiro passeio depois de tomar a primeira dose da vacina da Fiocruz.
A reunião que me esperava se iniciou às 14h, no centro da cidade. Entre tantas manias alimentadas ao longo de 60 anos, uma – crônica – é a obsessão pela pontualidade. Eu mesmo fico irritado diante de tanta ansiedade e medo de deixar outras pessoas esperando por este que vos digita.
Em vez de acordar às 7h como faço todos os dias, adiantei o despertador do celular em uma hora, mas já às 5h30min estava desperto. Levantei, tomei banho, preparei um ‘chimas’ no capricho antes de buscar os jornais no saguão do edifício para começar a rotina de trabalho de tantas décadas.
Antes das 10h, horário previsto para a saída, já estava no posto de combustíveis na saída de Porto Alegre abastecendo o carro. O dia se mostrava melhor que a encomenda: temperatura amena – que à tarde passou dos 30°C –, sol e pouco movimento na estrada.
Tudo ia bem na BR-386 até cerca de dois quilômetros antes do trevo de acesso a Estrela. O congestionamento era irritante. Para chegar à ponte incendiada sobre o Rio Taquari foram torturantes 50 minutos de arranca e para. O pior foi aturar a irritação de motoristas intolerantes, incapazes de deixar outros veículos entrarem na fila única.
O magnífico pôr do sol serviu de consolo
para uma viagem repleta de tranqueiras
Vencido o obstáculo principal, relaxei para devorar o almoço no restaurante Tombado e segui para reunião. Depois do encontro, que durou pouco mais de uma hora, voltei à estrada tranquilo. Afinal, tudo dera certo, sem surpresas ou contratempos.
Intercalando música e noticiário, o rádio me mantinha alerta, acordado diante do movimento tranquilo. Depois de um lanche e de dois pedágios, o pesadelo do arranca e para voltou logo depois do acesso a Nova Santa Rita, estendendo-se até a ponte sobre o Rio dos Sinos.
Foram outros 45 minutos maçantes, justamente no que chamo de “horário da bobeira” em que o sono bate forte. O consolo foi o magnífico pôr do sol alaranjado que emoldurava Porto Alegre com vista privilegiada da Rodovia do Parque, antevendo uma terça-feira de nuvens, chuva e temperatura baixa.
Depois do banho, o cansaço chegou. Foi resultado de dois imensos congestionamentos que aumentaram em mais de 90 minutos uma viagem que para mim, frequentador da outrora Estrada da Produção, chamo de ‘passeio à terra natal’.
Longe da tranqueira com filas incontáveis de carretas que impediam ultrapassagens, hoje usufruímos de uma rodovia moderna, duplicada e com recursos para emergências e socorro urgente. Os contratempos do passeio serviram par lembrar que o progresso rodoviário me brindou com uma estrada mais segura.