Recentemente a secretaria de Desenvolvimento Econômico do RS, apresentou aos empreendedores do Vale do Taquari, especialmente da área de turismo, linhas de crédito de juros baixos para modernização empreendimentos e a abertura de novos negócios. Os recursos são direcionados a operações emergenciais de capital de giro a partir de R$ 5 mil, para retomada econômica considerando a pandemia, e valores mais expressivos para investimentos mais complexos.
Entretanto, na visão do analista de articulações de projetos do Sebrae-RS na região, Diego Zenkner, dificilmente os empreendedores locais vão captar esses recursos. Por se ter um turismo em fase inicial – ver para crer – e investidores que têm outras rendas (empresários, aposentados e produtores rurais, entre outros), poucos dependem unicamente do turismo e preferem não arriscar, apesar dos juros atrativos em tempos de inflação. “Na Serra Gaúcha os empresários têm um feeling mais apurado do retorno dos investimentos. Como aqui ainda não temos demanda de turistas para sustentabilidade destes empreendimentos, a maioria opta por usar capital próprio, para não se endividar com bancos e aposta no segmento como paixão”, apura.
Enquanto na Serra e em outros polos turísticos a pandemia atrapalhou os negócios, Zenkner revela que aqui na região os microempreendedores colheram resultados. “Como encaram como uma renda extra, ficaram satisfeitos”.
Segundo o analista, investidores de fora já estão analisando o entorno do Cristo Protetor (raio de 40 km), para construção de parques, redes de hotéis, entre outros empreendimentos. “Alguns empreendedores daqui vão acabar pegando carona, ampliando sua estrutura, promovendo pequenas melhorias no ecoturismo, e principalmente qualificar o atendimento, mas com serviços e recursos próprios. Apenas uma minoria poderá vir a captar recursos para se arriscar nesse ‘mar de oportunidades’. Na cultura regional, temos a percepção do uso de financiamento em muitos outros negócios, mas não no turismo”, esclarece Diego.
O diretor-presidente do roteiro turístico Entre Vales e Arroios, Joner Frederico Kern, avalia que a tomada de crédito com juros baratos, para quem tiver condições de pagar de volta e acertar no negócio, pode ser uma alternativa. “É preciso investir em algo que gere retorno. No nosso grupo, ninguém pegou dinheiro emprestado. É algo delicado nesse momento, onde ninguém está atuando. O segmento é o que mais sofre junto com as casas de festas. Praticamente todos estão fechados. Agora, com abertura de portas, os recursos poderão vir a ser interessantes”, complementou.