Estes meses de pandemia que nos mantêm em casa, se prestam para incentivar avaliações. Eu, por exemplo, venho botando o olho nos balcões dos meus guardados. A conclusão fácil é que tenho ali bem mais do que preciso.
Fico pensando que, se fôssemos comprar apenas o que é necessário, nossas prateleiras estariam mais leves, teríamos menos trabalho com faxina, diminuiriam os itens com validade vencida… e o custo de vida baixaria um tanto.
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A vida moderna nos distancia da moderação. Estamos acostumados a “precisar” de mais do que precisamos. Por exemplo, ficou para trás o tempo em tínhamos um traje considerado “bom”. Um só. Ele nos levava aos eventos solenes – de festas aos enterros. No verão, sem casaco; no inverno, com casaco, mas sempre o mesmo traje. Ninguém se perguntava “com que roupa eu vou?” Estávamos livres de angústias na hora de escolher o look…
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Mesmo quem gosta de consumir pode prestar atenção num movimento chamado “simplicidade voluntária”. Ele está ganhando força no mundo inteiro. Vai na contramão do consumo motivado pelo prazer da compra ou pelo gosto da ostentação; afasta-se da tendência de construir casas enormes para duas pessoas morarem; escolhe carros econômicos no lugar daqueles que têm mais motor do que as estradas comportam, e assim por diante.
A “simplicidade voluntária” é um jeito de viver. Quer ajudar as pessoas a precisar de menos. Não tem nada a ver com pobreza, nem com religião. Encoraja os indivíduos a fazer uma análise cuidadosa para, depois, decidir do que são capazes de abrir mão, em favor de uma vida mais despreocupada e mais barata. Ou seja, a pessoa é estimulada a reconhecer a diferença entre aquilo que é supérfluo e aquilo que é necessário para o próprio bem-estar.
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Os adeptos de “simplicidade voluntária” têm entre si motivações diversas. Alguns querem simplesmente parar de trabalhar tanto e para isto escolhem gastar menos. Outros estão ligados ao aprofundamento da espiritualidade e acham que ter muitas coisas atrapalha. Há aqueles que querem reduzir o stress de andar na moda. Outros animam-se com a ideia de ajudar a preservar o meio ambiente. E assim por diante.
Seja como for, de um jeito ou de outro, o que atrai mesmo é a possibilidade de viver com menos peso.
O que não deixa de ter seu lado tentador. É ou não é?