A construção de usinas de compostagem é umas das alternativas encontradas por muitos suinocultores. O sistema mecanizado possibilita a transformação dos dejetos líquidos em fertilizantes ricos em nutrientes, com 70% de matéria orgânica, ideal para recuperação de solos, pastagens e comercialização em floriculturas.
Gilvan Zanotelli, o popular Bibi, 35 anos, de Capitão, foi pioneiro no Rio Grande do Sul ao investir na primeira usina de compostagem mecanizada. O galpão para o tratamento correto do dejeto líquido das granjas localizadas em Linha Marinheira foi construído em 2009, permitindo o manejo correto dos dejetos líquidos que são misturandos diariamente à serragem por um período de 120 dias.
Atualmente, em Capitão, estão instaladas 15 unidades de tratamento, destas, oito em funcionamento. A capacidade de tratamento, de acordo com a Emater, chega aos 105 mil litros, oriundos de 16.870 suínos alojados.
Segundo o produtor, o funcionamento da usina é simples, envolvendo a mistura de serragem e a matéria orgânica líquida. A temperatura de cada divisória (leras) atinge entre 60º e 70º graus e permite a evaporação da parte liquida, reduzindo a umidade do local para a ação das bactérias termogênicas.
O tratamento e fermentação até a retirada do composto pronto dura aproximadamente 120 dias. Uma das principais saídas ao produtor é a comercialização em sacos de dois até 25 quilos, à granel ou em sacos bags. “O processo todo elimina o mau cheiro na granja e diminui a emissão de gás metano na atmosfera”, destaca Zanotelli.
O investimento de Gilvan Zanotelli rendeu, em 2009, o prêmio de Pioneirismo Rural da Emater. A construção do empreendimento contou com o apoio da administração que cedeu a máquina aos produtores interessados. “Hoje continuamos na atividade e possuímos a produção registrada no Ministério da Agricultura (MAPA)”.
ENTRAVES
A dificuldade maior enfrentada pelos produtores em Capitão está na colocação do composto orgânico, pois os custos de produção muitas vezes “empatam”, além dos entraves e dificuldades em fornecer mais material no mercado que ainda é limitado. Zanoteli trabalha em parceria com mais produtores, onde se compromete com o fornecimento da serragem e se responsabiliza pela venda, ajudando assim com os custos de operação.
A estimativa é de que, em uma usina de compostagem de grandes dimensões, o produtor consiga fornecer entre 15 a 20 cargas por lote, que duram aproximadamente quatro meses. O número por ano pode chegar as 45 cargas, vendidas a granel, muitas vezes comprada apenas por um produtor com grandes áreas de terra.
Zanotelli apresentou à administração recentemente um projeto que visa a reativação de mais usinas, hoje desativadas no município. A ideia é de subsidiar e fornecer a serragem aos produtores que se comprometem em tratar o dejeto suíno, enquanto ele mesmo se responsabilizará pela venda do composto tratado, repassando parte dos valores aos proprietários dos galpões. “O desafio hoje é dar qualidade ao produto. O material possui mais de 70% de matéria orgânica, muito semelhante ao húmus produzido por minhocas. Com um produto de qualidade no mercado, conseguimos ter mais vendas”, avalia.
ÁREA LIMITADA
De acordo com o secretário da Agricultura, Marcio André da Costa, o alto investimento no sistema de compostagem e os custos de manutenção impediu o funcionamento de mais estruturas em Capitão.
Uma das saídas encontradas pelo município, é a terceirização de máquinas para abertura de novas áreas de terra, que permite os licenciamentos de novas instalações e mais áreas cultiváveis para pastagens ou outras culturas como milho. Porém, segundo ele, a desvantagem na destinação do dejeto líquido está na mecanização do trabalho com tratores e tanques para a distribuição do dejeto líquido. “A compostagem, permite o domínio total do processo na suinocultura, além de ser sustentável”, destaca o secretário.
Por mês, em Capitão, são retirados de esterqueiras uma média de 1,5 milhão de litros de dejetos/mês. Por dia, o número supera os 80 mil litros.