De papel fundamental para a ligação entre Arroio do Meio e Lajeado, a rua Marechal Floriano Peixoto foi o trajeto primordial para quem ia no sentido da capital, ou vinha para o município, para Encantado e arredores, muitas décadas atrás. Foi estrada de chão batido, recebeu calçamento e, hoje, é asfaltada. Mas engana-se quem pensa que, com a criação da ERS-130, a Marechal Floriano Peixoto perdeu sua importância. Seu movimento é sempre expressivo, principalmente nos horários de pico.
Quem a acessa pelo Centro da cidade, segue pela via até a Ponte de Ferro, outro ponto cuja estrutura poderia contar por si só, muitas histórias. Ali, antes mesmo de haver a ponte, havia a embarcação que fazia a travessia do rio Forqueta, para facilitar a vida dos moradores. Nos fins de semana, é ponto de fotos que registram o pôr do sol, e é trafegada, assim como o restante da extensão da via, por ciclistas, turistas, entre outros.
Costeada pelo rio Taquari, a rua também conta histórias de cheias, fazendo com que a época das chuvas deixe seus moradores sempre alerta em relação ao nível da água. Com pontos mais altos e outros baixos, é atingida apenas em alguns trechos quando a água sobe. Quando isso acontece, a ERS-130 é uma opção de caminho para as famílias que permanecem em suas casas.
Trânsito e velocidade
Iracy e Oscar Pedro Hünemeyer moram há 38 anos no mesmo endereço nesta rua. Chegaram ali quando ela ainda era de chão batido, a viram melhorar com o calçamento e facilitar ainda mais a vida de todos com o asfalto. Morando no trecho próximo à Bergmann Fábrica de Vasos e Floricultura, salientam que, em 2020, a enchente não chegou a atingir sua casa, mas trancou a travessia nas partes mais baixas da rua. Como solução, o casal precisava pegar a rua que acessa a ERS-130.
Iracy e Oscar consideram que a via poderia receber mais calçadas de passeio, mas, no momento, a maior preocupação é com o volume de veículos e a velocidade. “Precisávamos ter uma elevada na altura da floricultura, para que os motoristas reduzam e, assim, se evite acidentes”, conta Iracy. A moradora ressalta que, neste trecho, os vizinhos que têm animais de estimação ficam muito apreensivos, pois vários já foram atropelados. “O maior movimento é nos horários de pico, ou se aconteceu algum acidente no asfalto (ERS), que daí as pessoas fazem a rota alternativa por aqui”, completa, acrescentando que em legislaturas passadas, já havia pedido a vereadores para que uma providência fosse tomada.
Mais adiante, no trecho mais próximo da cidade, o barbeiro Evandro Girelli tem seu empreendimento. Mudou-se com a família para a Floriano Peixoto em 1994. Conta que sempre foi uma rua movimentada, mas o fluxo se intensificou nos últimos 10 anos. “Devido não só ao asfalto, mas também ao aumento no número de negócios entre Arroio do Meio e Lajeado. Gosto muito de morar aqui, pois é perto do Centro e também pela questão profissional. É um lugar de fácil acesso, inclusive para quem vem de Lajeado e não há problema com estacionamento”.
No mesmo prédio, onde Evandro tem a barbearia há quatro anos, há a casa onde moram seus pais, Juarez e Clarice Girelli. Ele acrescenta que uma das características da rua é o tráfego com velocidade e que, em sua opinião, a melhor alternativa seria uma lombada eletrônica. “A imprudência parte dos dois lados, é uma rua que liga duas cidades. Não é prudente deixar crianças e animais correrem soltos na via, assim como também não é prudente os veículos correrem. Como condutor, sou extremamente cuidadoso, mas não há como trafegar aqui a menos de 60 km/h”.
Morando na Marechal Floriano quase vizinha da ponte sobre o arroio do Meio, a costureira Sueli Schauren também considera o movimento e a velocidade dos veículos uma preocupação constante. Mostra o quebra-molas instalado praticamente na frente de sua residência, que por ser muito baixo, quase não modifica a velocidade dos automóveis. “Ninguém parece respeitar ele, tem gente que voa por cima. Como é uma rua reta, os motoristas pouco respeitam”, diz Sueli, que mora no mesmo endereço há 35 anos, com o marido e o filho.
Elevada e quebra-molas
Procurado pela reportagem do AT, o coordenador do Departamento Municipal de Trânsito, Alex Sandro Theves traz uma boa notícia aos moradores. Nesta semana, segundo ele, será protocolada licitação para contratação de serviço que instalará elevadas e quebra-molas em diferentes pontos do município. A Marechal Floriano Peixoto será contemplada em dois locais. “Temos nesta rua dois problemas: a esquina onde fica o Banco do Brasil, onde deve ser colocada uma faixa elevada para travessia de pedestres e, o trecho próximo da floricultura, onde será posto quebra-molas”, adianta.
Theves salienta que o maior problema da rua é a velocidade e observa que na esquina em frente ao banco frequentemente acontecem acidentes devido a isso. Além destes recursos, observa que a consciência e a atenção ao limite de velocidade, que no trecho é de 50 km/h são fundamentais.
Rua Marechal Floriano Peixoto, anos 50/60/70
Por Wanderley “Xumby” Theves
Rua onde nasci. Isso mesmo! Parto caseiro. E também onde dei meus primeiros passos, infância, adolescência, primeiro emprego e início da vida adulta.
Era a mais importante via de acesso à nossa cidade. Como Arroio do Meio dependia desse logradouro, o centro comercial solidificou-se em seus arredores. Hoje existem resquícios em suas calçadas, mas não carrega mais o poder de outrora. As mudanças fazem parte da evolução, e não tem como segurar os ponteiros do tempo e do avanço. Para as novas gerações, é importante conhecer, pois o passado é a pavimentação para o futuro.
A rua Marechal Floriano Peixoto começou a “perder força” em meados dos anos 1970, com a construção da ERS-130. Lentamente os comerciantes foram descobrindo a nova rota para seus empreendimentos, e começaram a dirigir-se em direção ao trevo de acesso à cidade. O novo portal da Pérola do Vale. Igualmente os construtores também acompanharam a nova tendência (até porque parte da Marechal Floriano Peixoto é suscetível a alagamentos) e erigiram seus empreendimentos naquela direção.
Mas vamos relacionar os pontos comerciais que existiam nos anos 50/60/70, e que foram cruciais para o desenvolvimento do nosso município. Se hoje somos moradores orgulhosos de uma bela e ordeira cidade, é importante conhecer o que representou a rua Marechal Floriano Peixoto.
Para que tenhamos um melhor entendimento vou seguindo desde o começo, na direção Lajeado/Arroio do Meio. Chamada de Estrada Velha, era um prolongamento da rua em questão. Já começa bem: no centro da Ponte de Ferro, um dos nossos maiores símbolos. A poucos metros temos a Cerâmica Barrense (antiga Olaria Juchem & Weisheimer). Na esquina ficava o Mercado e Bar de Ademar Käfer, que antes foi cooperativa e, defronte, a primeira loja da rede Benoit, hoje um lar de idosos. Nos fundos, na beira do rio Taquari, existia a Olaria Bruxel, a Fábrica de Banha de Artur Käfer, e o Armazém e Açougue Scheidt. A barca de Nicolau Käfer aportava e fazia a travessia dos rios Forqueta e Taquari nesse local. As Gasolinas, nome de antigas barcas motorizadas, descarregavam mercadorias no mesmo local. Seguindo em direção à cidade passando a várzea, bairro São José (que ainda não existia), encontrávamos três olarias: Casotti, Theves e Röhrig. E um pouco mais adiante, a Oficina Mecânica Black.
Agora cruzando a ponte sobre o Arroio do Meio, próximo à rua Tiradentes, chegávamos à Metol, uma oficina, funilaria e tornearia. A maior da cidade. A seu lado, a Fábrica de Lastros de Aço (para camas), de Alfredo Rahmeier. Seguindo em direção ao centro da cidade, na esquina com a rua Júlio de Castilhos, ou “Rua do Hospital” como era conhecida, ficava o Bar Wünsch (de Aliro Wünsch), depois vendido para família Aurler, Daman, e mais tarde, para Armindo Bubenick. Ao lado, na hoje residência Mantelli, ficava o Centro Telefônico. Do outro lado da rua, também esquina com a rua Júlio de Castilhos, estava a Oficina de Claudio Kerbes, depois Oficina Cé, hoje, com um prédio em seu lugar.
Seguindo mais alguns metros, ficava a Fábrica de Telas e Mosquiteiros Theves, a Oficina de Bicicletas de João Guedes (João Bicicleta), e a sapataria de João Veit (João Sapateiro). Um pouco adiante, talvez a mudança mais significativa: o Hotel De Boer, que foi demolido para dar lugar ao atual Banco do Brasil. No outro lado da rua, ficava a Cabeleireira Renilda Knapp. A seu lado, hoje um mercado, a Loja Alberto Krey, especializada em roupas, tecido em metro, e brinquedos. Foi ali que vi o primeiro autorama.
Cruzando a rua Visconde do Rio Branco, na esquina, estava o Escritório Administrativo da Corsan. A seu lado, o açougue de Mário Schneider (depois Meneghini). Avançando alguns metros, onde hoje (2021) está a Loja Hammes, ficava o Estúdio Fotográfico de Willi Mayrhofer. Do outro lado da rua, hoje residência de Adailton Cé, José Schneider tinha sua ferraria, e, ao lado, uma estofaria.
E chegando ao final da rua, já com suas frentes na Dr. João Carlos Machado, dois fortes comércios imperavam: Loja Fleck e Casa Schneider. E fechando com “Chave de Ouro” (antiga gíria), também na rua Dr. João Carlos Machado, mas como dizíamos naquela época, no “fim da Marechal Floriano”, ficava a única farmácia da cidade, de propriedade de Werner Bruno Fritz e Norberto Noschang (Farmácia Fritz & Noschang). Não posso deixar de mencionar que a Empresa Girando Sol também deu seus primeiros passos na Marechal Floriano Peixoto, Barra do Forqueta.
Parece inacreditável que todos esses pontos comerciais ficavam nessa pequena rua, e ainda considerando que mais da metade dela é alagável.
Foi sem dúvida a porta para o progresso de Arroio do Meio, que ligada à rua Maurício Cardoso (também da mesma importância), fazia o elo entre Lajeado e Encantado.
Como citei no início desse texto, temos que conhecer o passado, pois ele é o pavimento para o futuro.
Nesse texto tive a parceria de minha mãe Lourdes Theves, Lucia Juchem, Geselda Käfer e Valmor Mantelli.
Quem foi Marechal Floriano Peixoto
Floriano Vieira Peixoto nasceu em Maceió, em 30 de abril de 1839. Foi um militar e político brasileiro, primeiro vice-presidente e segundo presidente do Brasil. Foi membro e posteriormente comandante do 1º Batalhão de Voluntários da Pátria durante a Guerra do Paraguai, participou de importantes episódios do conflito. Assumiu o poder em 1891, logo após a renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca. Seu governo tinha como principal desafio consolidar a república no Brasil tendo em vista a divisão no apoio ao regime por causa de disputas de poder entre os aliados. O governo Floriano Peixoto (1891-1894) foi o segundo governo republicano e encerrou o período conhecido como República da Espada, quando o Brasil foi governado por militares.
Enfrentou duas revoltas: a Armada, no Rio de Janeiro e a Federalista, no Rio Grande do Sul. Não poupou esforços para conter as revoltas no intuito de estabilizar a república. Foi sucedido por Prudente de Morais, primeiro civil a assumir a presidência da República.