Andando por uma estradinha meio abandonada, avistei uma ferradura na valeta. Ferraduras, você sabe, servem para proteger os cascos dos cavalos. As mais tradicionais são feitas de ferro – o próprio nome diz. Como novidade, apareceram as de alumínio e até de materiais flexíveis, mas eu não sei se estas têm igual valor. Bom, a ferradura que estava à minha frente era das antigas e já bem gasta pelo uso. Provavelmente estaria jogada ali um bom tempo.
Claro que eu recolhi a ferradura.
Levei pra casa pensando que serviria de amuleto. Não pendurei na porta – como ensinam os que conhecem os macetes para atrair a sorte – disfarcei um pouco. Coloquei no vaso entre as folhagens que cultivo na entrada, antes da porta. Mas a esperança era a mesma: chamar sorte, proteger de mau olhado.
– Se eu acredito no poder da ferradura?
– Não sei.
É a velha história: “No creo em las brujas, pero que las hay, las hay.”
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Se você botar na mesa o tema “sorte”, vai ver que o papo rende. As opiniões variam.
Muitos pensam que não há o que fazer. Que o destino comanda a vida. Antes do nascimento, as estrelas já conheceriam o nosso rumo e ponto. Até dizem que, se ferradura desse sorte, burro não puxaria carroça.
Outros acreditam que dá para atrair sorte com recursos meio mágicos – ferraduras, trevo de quatro folhas, pé de coelho – ou, então, com o poder do esforço. Estes últimos pertencem ao partido de Tiger Woods, o campeão de golfe. Tiger Woods costuma dizer: “quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho”.
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Para botar lenha na fogueira, chamo Frans Johansson, um sueco descendente de negros e de indígenas americanos, que foi educado nas melhores universidades do mundo. Hoje em dia é empresário e palestrante junto às plateias mais qualificadas.
Em 2012 lançou um livro intitulado “O momento do click”. Ali procura demonstrar que o mundo é imprevisível e que aproveitar as oportunidades, frequentemente inesperadas, é o que faz toda a diferença.
Um dos exemplos de Johansson é a Nokia, empresa que dominou o mercado dos celulares, mas falhou em perceber o potencial dos smartfones. O que faltou para a Nokia foi um “click”.
– E como se faz para ter um “click”, senhor Johansson?
Ao que se espera, a resposta vem no livro. Se for comprado pela Amazon, custa R$ 263,30.
Uma perfeita barbada! (considerando o que pode entregar…)