Preciso tanto ter gente à minha volta que os amigos brincam:
– Se te largar num potreiro, vais falar com os bois ou com a cerca!
É verdade. Estes 17 meses de confinamento motivado pela pandemia têm sido especialmente cruéis com este geminiano inquieto, ansioso e tagarela. Tenho dedicado muitas horas diárias ao trabalho. De segunda à sexta-feira a jornada vai das 7h às 21h. Nos finais de semana, a jornada é menor, mas não consigo desligar.
Transferir frustrações para o trabalho é um hábito perigoso, inclusive para a saúde. Mas evitar este comportamento não é tarefa fácil, principalmente quando se gosta da profissão o que, no meu caso, é uma identidade pessoal.
Aos poucos, depois de tanto tempo preso dentro de casa, cheguei à conclusão de que é preciso tomar algumas atitudes adiadas há muito tempo. Aos 61 anos, ao olhar para frente, chego à conclusão de que “estou mais perto da bandeirada de chegada do que do pódio”. Mesmo com a saúde em dia, tenho consciência da finitude… cada vez mais próxima.
Modificar hábitos e rotinas é mais
difícil que parece à primeira vista
Longe de uma crise de pessimismo da terceira idade, esta crônica é o relato de um sessentão confinado, cuja rotina ensinou a refletir, sopesar a vida, buscar coragem e tomar atitudes represadas. Mudar, porém, é sempre um desafio que, à primeira vista, parece simples. Mas basta observar como é difícil modificar nossos hábitos alimentares para chegar à conclusão de que é preciso parcimônia nas mudanças.
Mudar de endereço, de estado civil ou de emprego constituem alterações radicais para qualquer um. Depois de certo tempo muitas coisas não mudarão. Esta certeza, no entanto, confronta com o medo do desconhecido, da rejeição, da solidão, da depressão e do vazio de um ombro amigo para consolar, secar nossas lágrimas.
Aos poucos, o “novo normal” – neologismo nascido na pandemia – toma forma. Algumas atividades retornam com restrições, impedindo que muitas coisas voltem a ser como eram. Para os “mais maduros”, como eu, será preciso reaprender a vida como será daqui para frente.
A tal “resiliência” – capacidade de adaptação – será fundamental para a sobrevivência. Vacinas, novas cepas do vírus e distanciamento social vieram para ficar? Como jornalista e ser humano há mais de seis décadas, acho que SIM. Um dia teremos acesso aos bastidores da Covid-19. Sentiremos raiva, vergonha da nossa ingenuidade. E, talvez, da nossa falta de coragem.
RECADO ÀS LEITORAS
O Projeto Dona é destinado à promoção da saúde física e emocional das mulheres, através do equilíbrio do corpo e da mente, principalmente nesta época de pandemia. Eventos de lançamento ocorrem dias 1º de setembro (às 14h30min e 18h30min) e 2/9 (às 14h) na R. General Daltro Filho, 44 (prédio antigo da Girando Sol). Informações e confirmação de presença pelos fones 98519.0828 / 99592.1454/ 99971.1286