Com o clima agradável, chuvas dentro da média e umidade adequada no solo, produtores na região iniciaram, em agosto, o plantio da safra de milho. Em muitas áreas já é possível observar a germinação das sementes. Em alguns casos, produtores optaram em antecipar o plantio, temendo condições climáticas desfavoráveis com o anúncio e chegada do fenômeno La Niña.
Essa é uma das preocupações do produtor Vanderlei Jungkenn, 36 anos. Nesta safra, a área de plantio será de 42 hectares em Linha Cairu e Forqueta. Destes, 36 hectares já foram plantados no dia 10 de agosto. Num primeiro momento, toda a lavoura será utilizada para a produção de silagem, principal alimento para o rebanho leiteiro da família, composto por 80 vacas.
Jungkenn estima ter uma boa colheita, semelhante ao ano passado. O cálculo é de 50 toneladas de silagem por hectare. Na colheita do grão a estimativa é de 150 sacas por hectare. Segundo ele, o plantio deste ano apresentou um aumento no custo de produção. Enquanto sementes tiveram um pequeno reajuste, as sacas de adubo dobraram de preço. “Hoje, por monte de silagem, o custo elevou para uns R$ 6 mil, sem contar a aplicação de inseticidas. Se no ano passado, o custo por quilo de silagem era de R$ 0,10, hoje passa dos R$ 0,20.
O produtor destaca ainda a organização da propriedade no período de plantio, observando a umidade no solo, condições climáticas, preços e o tempo até a colheita, ressaltando que, nesta safra, a germinação das plantas ocorreu de forma antecipada. “O plantio em um dia único facilita para a gente a colheita no mesmo período, com as máquinas terceirizadas”.
Vanderlei e a família têm como foco a produção de leite. Em toda a propriedade, os animais em lactação são acompanhados e recebem uma alimentação nutricional controlada, o que garante a qualidade no produto final.
Em Travesseiro, de acordo com a apuração da Emater, nesta safra o plantio de milho atingirá 1,1 mil hectares para silagem e 175 hectares para a colheita do grão, podendo o número de áreas ser ampliado conforme a condição do mercado. Em Capitão, aproximadamente 50 hectares são cultivados para colheita do milho em grão, enquanto 1,1 mil hectares são para confecção de silagem, cultivada por 120 produtores, principalmente com foco na produção leiteira. Em Pouso Novo, a safra de milho silagem atinge 750 hectares de área. A cultura do milho em grão está presente em 450 hectares de área. Aproximadamente 45 hectares serão destinados para o plantio de soja. Em Marques de Souza, não houve aumento na área plantada. Nesta safra serão 1,2 mil hectares de área plantada para o milho silagem e 500 hectares para a colheita de grão. Aproximadamente 50% do plantio já está concluído.
Em todos os municípios, a estimativa é que em torno de 60% da área de milho seja plantada na safra (Agosto/2021) e 40% na safrinha (Janeiro/2022).
CLIMA PREOCUPA
O técnico agrônomo da Emater/RS-Ascar, Elias de Marco, revela que o clima firme proporcionou o plantio de praticamente todas as áreas para o milho safrinha. Algo em torno de 2,1 mil hectares. Apenas não foram cultivados os locais onde há pastagens e forragens de inverno, que serão plantados na metade da primavera em diante.
De Marco observa que o inverno de 2021 foi completamente atípico com chuvas escassas. Entretanto, não trouxe impactos tão negativos, pois além do clima ameno, o maior período noturno também colaborou para menos ação solar sobre as plantas e evaporação das águas superficiais, o que não provocou uma estiagem. Ainda observa que as chuvas excessivas, às vezes, atrapalham o plantio e a própria germinação.
Um dos riscos avaliados por Elias, é que uma eventual geada tardia pode comprometer o que foi plantado de forma antecipada. Ao contrário de outros locais da região e do RS, Elias observa que o solo seco não prejudicou o desempenho das máquinas e implementos e também não há déficit de frota. “Temos uma boa segurança em termos de frota agrícola, com máquinas e veículos até mais fortes do que a real necessidade. Óbvio que existe a fila de espera nas revendas, mas não é uma exclusividade do agro e atinge demais setores de veículos. Tanto é que o IPVA aumentou, porque, segundo o governo, os veículos de determinadas marcas e modelos, rodando e disponíveis, têm um certo valor de mercado”, apura.
O técnico avalia que as perspectivas de mercado são excelentes, pelo baixo estoque de grãos mundial e a geada que castigou o Centro-Oeste. A preocupação é com o clima e com o controle da cigarrinha. Porém, nesta temporada, acredita que produtores e agropecuárias estão mais preparados para dar suporte.