Um grupo de pilotos de Arroio do Meio está insatisfeito com as restrições feitas pelo Moto Clube de Arroio do Meio (Mocam), para treinos na pista municipal de Velocross e Motocross. Segundo eles, o local que é considerado um dos melhores do RS em estrutura, traçado, localização e acesso está subutilizado.
Em 2022 praticamente só foram autorizados treinos nas vésperas de competições e neste ano os pilotos estão recorrendo a treinos em espaços particulares ou em outros municípios. As pistas privadas no interior do município são mais estreitas e curtas. O acesso impossibilita a entrada veículos de apoio. Em caso de acidentes há mais dificuldade de socorro e deslocamento para instituições de saúde.
O treino numa pista profissional também é considerado fundamental para o desempenho em competições de nível estadual e nacional. Conforme os pilotos, as despesas fora do município são superiores. “Nos alegam que só é viável abrir o espaço para treinos quando há mais de 30 pilotos confirmados. E que sem o tratamento da pista, com gradeamento e umidificação do solo, há transtornos com a patronagem do CTG e vizinhos. Correndo riscos de abaixo-assinado e embargo do uso da pista que tem uso cedido pelo poder público. Acreditamos o que a prefeitura pode ajudar na prestação de serviços de máquina, que hoje são terceirizados, oneram custos e existe a alegação de poucos prestadores de serviços disponíveis”, detalhou um piloto que não quis se identificar.
Legenda: Grupo de pilotos de Arroio do Meio realizou treino no balneário Cupido Aquático em Estrela no último fim de semana
DESPORTO A DISPOSIÇÃO – O coordenador do Desporto de Arroio do Meio, Marciano Lindenmann, o Jaca, está ciente da vontade dos pilotos e entende o posicionamento da diretoria do Mocam. Ele adiantou que a prefeitura irá providenciar a disponibilização de máquinas e implementos para o tratamento da pista para maior frequência de agendamento de treinos. “É tudo uma questão de estudos para avaliar o que as lei permitem e autorizações legislativas. Sempre estaremos ao lado das competições e do esporte”, declarou.
MOCAM PEDE COMPREENSÃO E APOIO DOS JOVENS PILOTOS PARA BOA HARMONIA
Um dos coordenadores do Moto Clube Arroio do Meio (Mocam), Luiz Carlos Kunrath, que integra a entidade desde 2000, relembrou que a conquista do espaço demandou do convencimento da patronagem do CTG Querência do Arroio do Meio, que era resistente a vinda da modalidade ao Parque Municipal de Eventos. Nestas tratativas ficou acordado que os novos usuários fariam o uso de forma ordeira, mantendo a boa convivência com o CTG e moradores das imediações.
Segundo Kunrath a decisão em tornar o uso da pista mais restrito ocorreu em decorrência de alguns exageros e abusos, inclusive por parte de pilotos de outros municípios. A pista do Mocam possui 1,2 km com traçados mesclados entre Motocross e Velocross, em área pública e alugada. Para não causar transtornos é feito gradeamento e umidificação do solo por meio de tratores e implementos agrícolas contratados de forma terceirizada. Como o solo seca e compacta após poucas horas de uso, é necessária disponibilidade quase integral da patrulha agrícola, o que gera custos. Entretanto, em muitas situações os prestadores de serviço, que as vezes tem prioridades em suas próprias lavouras e áreas arrendadas.
Outro agravante, é a forte estiagem que diminui a disponibilidade de água no açude das imediações que é utilizado como reservatória. No momento a água está sendo guardada para a abertura do Campeonato Nacional e 2ª Etapa do Campeonato Gaúcho, prevista para ocorrer em maio ou junho. A tendência é que os treinos só sejam liberados nas vésperas.
Kunrath revela que o Mocam, mantedor da pista, tem 20 associados e estima que em Arroio do Meio há mais de 100 pilotos. Muitos andam pilotam em grupos familiares e de amigos. A entidade suspendeu a cobrança de mensalidade e conta com o trabalho voluntário e recursos próprios de associados, doações e apoio do poder público para pequenas evoluções. “Estamos reformando um tanque para aplicar a água e aos poucos vamos estruturando nossa sede no aterro feito pela prefeitura, além da implantação de um novo cercado. Não cobramos ingressos nas últimas competições, pois sabemos que o poder aquisitivo dos espectadores diminuiu. Temos apenas a renda da copa e cozinha […] Sabemos que os custos envolvendo motocicletas de competição são elevados. Motos importadas custam até R$ 100 mil e nacionais cerca de R$ 40 mil quando incrementadas. Para quem compete, as despesas mensais com combustível, manutenção e deslocamentos, chegam a R$ 3 mil. Muitos acham caro ajudar a pagar para ter a pista em condições de treinos e só pensam nos benefícios. Mas é preciso lembrar que associados também conciliam suas agendas entre outros afazeres, para fazer roçadas e outros serviços no parque. Se mais gente ajudasse, haveria mais eficiência em torno das soluções e evolução da pista. Além disso em muitos fins de semana parte dos pilotos está competindo, o número reduzido de interessando inviabilizada a tratamento da pista”, contrapôs.