Recentemente li no O Alto Taquari que nosso município soma cerca de 22 mil habitantes. Conferi os dados e quase não acreditei. Saudosista convicto, resisto à ideia de que nossa comunidade tenha esta quantidade de gente.
Nasci “na Bela Vista”, no começo dos anos 60. O lugarejo tinha poucas residências, a “venda” (armazém) do seu Aury Schmidt e um campinho de futebol onde há uma escola. A estradinha que ligava à cidade era de terra, o que rendia dores de cabeça no verão por causa da poeira e do calor. Já no inverno, a geada e o barro em dias de chuva obrigavam a levar um par de calçados sobressalente na mochila para não sujar a sala de aula.
A rotina escolar era puxada na Escola Luterana São Paulo, administrada por Dorothea e Aldino Suhre. Tínhamos aula até nos sábados de manhã, quando varríamos o assoalho antes de passar um pano úmido, seguido de uma camada de cera lustrada no capricho. Isso depois das aulas de desenho e caligrafia.
Hoje praticamente todas as localidades do interior são ligadas por asfalto. Pavimentação significa qualidade de vida, casa e roupas limpas, fim da poeira e do barro, maior possibilidade para atrair empresas que trazem empregos e desenvolvimento.
Nossa cidade causa “inveja branca” e admiração nos
forasteiros. Do trevo à praça tudo é capricho e beleza
Nossa cidade causa “inveja branca” e admiração nos forasteiros. Desde o trevo, sempre florido e bem cuidado, até a Praça Flores da Cunha, o panorama é de lugar acolhedor, com pessoas caprichosas que espantam vândalos e depredadores.
Nem de longe é um lugar perfeito, mas devemos nos orgulhar da comunidade que construímos e onde criamos famílias, realizamos sonhos e acolhemos quem vem de fora. Agora bate à porta uma nova oportunidade: o incremento do turismo, a ”indústria sem chaminés”.
Fomentar ações sem comprometer as belezas naturais é desafio que exige orientação profissional. Não há lugar para amadorismo, sinônimo de prejuízos e danos irreversíveis ao ambiente. Nativos ou empreendedores de fora, todos os projetos precisam de planejamento, controle e manutenção.
A possibilidade de explorar o potencial turístico vai gerar polêmicas. A democracia não prescinde do contraditório. A discussão (civilizada) enriquece ideias, traz aperfeiçoamento e melhorias que geram benefícios a todos.
Bastante diferente “daquele” Arroio do Meio de 1960, temos um município pujante, orgulho do Vale do Taquari e do RS. E isso é apenas o começo!