Sou um assumido fanático pelo texto escrito em papel. Prova disso é que mantenho, há décadas, assinaturas de três jornais diários de Porto Alegre. Além disso, recebo semanalmente o nosso O Alto Taquari, além de uma revista mensal, Expressão, produzida em Novo Hamburgo e editada pelo competente amigo jornalista Sérgio Jost, natural de Santa Cruz do Sul.
Um dos inconvenientes de manter este legítimo “vício de velho” é o acúmulo de papel. A cada semana, de segunda à sexta-feira, são 15 exemplares de jornais acumulados que, somados a duas edições de final de semana, totalizam 17. Agora, multiplique este número por quatro semanas e teremos 68 jornais arquivados todos os meses.
Para aliviar o entulho tenho abastecido alguns amigos e vizinhos ‘cachorreiros’. Nas bancas de revista e sebos do Centro da Capital, uma sacola de supermercado com pouco mais de meia dúzia de jornais é vendida entre 10 e 12 reais. Apesar da tentação sou péssimo comerciante e tenho coração mole e jamais conseguiria comercializar o material. Prefiro fazer doações, mas mesmo assim sobra material.
Já contei neste espaço minha rotina de acordar pontualmente às 6h, todos os dias, e cevar um chimarrão no capricho. Ato seguinte é ir ao saguão do prédio para acessar a caixa postal para pegar os jornais. Sentar na sacada, lendo e mateando e, de quebra, ver o nascer do dia, não tem preço! É um hábito antigo, muito difícil de modificar. Aliás, como toda “mania de velho”.
A sobrevivência dos jornais é um desafio que
preocupa os ‘papeleiros’ de plantão como eu
A onipresença do celular é uma realidade consolidada em nosso cotidiano. Uma das consequências é o sumiço daquelas velhas revistas que habitavam salas de espera de médicos e dentistas. Mesmo antigas, essas publicações serviam de passatempo para este ansioso paciente.
Confesso que em diversas oportunidades surrupiei várias páginas que serviam de inspiração para minhas crônicas. Hoje, jornais e revistas foram substituídos pelo Wi-fi, tecnologia que permite acessar todo tipo de conteúdo em tempo real. Além de encher o bolso das operadoras de celular e de empresas que miram a internet.
A sobrevivência dos jornais é um desafio que preocupa os ‘papeleiros’ de plantão como eu. Não apenas pelo material, mas pela relevância social destas publicações que, no interior do país, possuem uma força incrível. Falar da aldeia há séculos é segredo do sucesso. E continuará sendo, desde que se faça uso da tecnologia a favor dos jornais.